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01-04-2003

Ainda há boas vontades


Moita

GD Moitense - Salvo sobre a meta Ainda há boas vontades Manuel Zappa Entre o final da época passada e o defeso futebolístico, o Grupo Desportivo Moitense esteve na iminência de fechar as portas. O clube realizou três assembleias gerais, mas todas elas foram inconclusivas. A última das quais apenas contou com a presença dos elementos da direcção. Vago, muito vago, para um clube que comemora, no início do próximo ano, 25 anos de existência. A explicação entronca no facto de ninguém pretender assumir a presidência, apesar de existirem elementos disponíveis para fazer parte de uma direcção, cinco a seis associados. Perante o impasse, este grupo decidiu tomar diligências para formar uma Comissão Administrativa, que foi avante, sendo posteriormente reforçada com mais oito associados. E com os tais catorze elementos se avançou para a dita comissão, que não é direcção, porque ao abrigo dos estatutos, eram necessários pelo menos 16 a 18 sócios. A FORTE ALIANÇA COM O POLIDESPORTIVO Apesar de continuar a ajudar, não a cem por cento, porque a sua vida profissional não lho permite, José Costa, depois de cinco anos como presidente, decidiu que era altura de dar lugar a outros. É verdade que continua ligado ao clube, mas não com aquela intensidade de outros tempos. Foi com ele que Bairrada Desportiva falou, tendo historiado todo o processo que conduziu o Moitense a ser gerido por uma comissão administrativa e o papel determinante do jogador Falcão, que teve a iniciativa de contactar os jogadores. Era do conhecimento geral que José Costa se preparava para abandonar o barco. Ficou por motivos essenciais, como nos contou: “Não era ético abandonar o clube de um dia para o outro. O meu apoio centraliza-se mais nos conhecimentos que adquiri nos anos anteriores de presidente. O que levou também a ajudar para que isto não acabasse foi que, para o ano, o clube festeja as Bodas de Prata. Depois, há dois projectos em andamento que não podem ficar no vazio”. O mais importante é, sem dúvida, a construção do Polidesportivo cujo projecto já tem cerca de três anos, como também a conclusão das obras da sede. No que toca a outras infra-estruturas, José Costa adiantou-nos que, no defeso, era intenção dos responsáveis do clube renovar os balneários, sobretudo ao nível da placa. É que quando as condições climatéricas são adversas, “verte água por todos os lados”. O piso do campo também precisava de ser modificado, mas, por falta de tempo e de dinheiro, continua na mesma. O que está prestes a ser diferente é a iluminação, com a inclusão de postes mais altos. Num clube onde os jogadores não ganham nada, excepção o direito ao jantar no final dos jogos e a pequenos subsídios (só para alguns) para a ajuda do transporte, o orçamento é cerca de 10 mil euros. Relativamente aos apoios, os mesmos são angariados através da grande ginástica e trabalho dos seus dirigentes, exploração do bar do campo e das suas instalações, subsídio da Junta Freguesia Câmara Municipal de Anadia, quotização dos sócios e de algumas empresas, sendo intenção da Comissão Administrativa a angariação de fundos com a venda de galhardetes, cachecóis, entre outras coisas alusivas ao clube. Neste tipo de clubes, os objectivos desportivos passam única e exclusivamente pela manutenção. Na Moita, ninguém pede mais nada do que a permanência na II Divisão. A primeira vitória foi dada pelos directores que tudo fizeram para que o Moitense não fechasse as portas. A INFLUÊNCIA DOS JOGADORES Alfredo Santiago volta a treinar o Moitense, depois de ter estado nos grandes momentos do futebol feminino do Ferreirense, ele que já fez de tudo um pouco dentro do clube. Talvez por isso sinta como ninguém os problemas, nomeadamente o certo afastamento das pessoas, que classifica de comodismo, de quem gosta de criticar, mas que na hora da verdade ninguém assume directamente as dificuldades do que significa manter um clube de pé. Se ninguém quis assumir a presidência do clube, o mesmo se passou ao nível da equipa, dois problemas que levaram que os treinos começassem a escassas semanas do início do campeonato: “A maior parte dos jogadores só ficava se eu fosse o treinador”, argumentou Alfredo Santiago, que lá teve de lhes fazer a vontade, não contrariado, mas com a simples missão de ser mais um a ajudar. Para além da grande vontade dos jogadores em que ficasse como treinador, houve outro aspecto que também pesou, o projecto do polidesportivo: “O projecto está concluído e acredito que a obra irá avançar. Será bom para todos. Além de proporcionar melhores condições ao clube e na aposta em outras modalidades, os jovens da freguesia terão a oportunidade de usufruir de um espaço próprio, em vez de andarem dispersos, com os perigos que daí advém”. Com a indefinição que o clube viveu, o plantel recebeu um excedente de jogadores, que o clube não podia dizer que não: “Recebemos jogadores que estiveram aqui há três anos, que gostam do Moitense, o que acaba por ser benéfico para todos nós, um pouco mais difícil para o treinador, convenhamos”, referiu Alfredo Santiago. Por falta de treinos e do necessário entrosamento, o campeonato não começou da melhor maneira para o Moitense, factor que não tira o sono ao treinador: “Aos poucos as coisas vão ficando equilibradas. O grupo de trabalho é formado por gente ordeira e trabalhadora, que nos oferece todas as garantias de lutarmos pela manutenção sem grandes problemas”. PLANTEL Guarda-redes: Ricardo, Mário (ex-VN Monsarros) e Florival (regresso). Defesas: Nuno, Falcão, Fábio, Rogério, Sargento, Bruno, Jorge e Rocha (ex-Mogofores). Médios: Marco, Chico, Eurico (ex-Antes), Eduardo e Quim (ambos ex-VN Monsarros), Galante (ex-Mogofores), Hélder (ex-Aguinense), Tiago (ex-Botafogo da Cordinhã) e Pinho (1.ª inscrição). Avançados: Braizinho, Gil, Tó Sério, Sérgio, Ângelo e Daniel (ex-Rugby Clube Moita). (22 Out / 10:44)

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