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01-04-2003

Homenagem ao Provedor


Sangalhos

Sangalhos Homenagem ao provedor Armor Pires Mota Narciso Marça alvo de muito apreço e carinho, ele que, em 20 anos levou a Misericórdia de Sangalhos ao topo das realizações e valências”. A comemoração dos 70 anos da Misericórdia de Sangalhos revestiu-se de particular significado: a instituição homenageou, com toda a pompa e circunstância (missa celebrada por D. António Marcelino, bispo de Aveiro, sessão solene e almoço na Estalagem de Sangalhos) uma figura fulcral no desenvolvimento da instituição - Narciso Marça que foi seu provedor durante profícuos e inesquecíveis vinte anos, catapultando-a para uma posição invejável no ranking das misericórdias do distrito de Aveiro. O GRANDE SALTO Coube ao actual provedor, José Costeira, abrir a sessão solene. A mesa de honra era constituída, além do homenageado, por D. António Marcelino, bispo de Aveiro, presidente da Câmara de Anadia, Litério Marques, Manuel Oliveira Dias, em representação da União das Misericórdias, e provedor da Misericórdia de Ovar e João Lousada, em representação do governador Civil de Aveiro. O actual provedor historiou, em traços largos, o que foi a acção denodada de Narciso Marça, entre 1980 e 1999, à frente dos destinos da Misericórdia de Sangalhos que conheceu com ele “uma fase de grande desenvolvimento”, não tendo parado até hoje de crescer e criar valências. Quando tomou posse das suas funções, juntamente com os elementos que escolhera para figurarem na sua lista (era essa a condição que colocou às várias pessoas que o pressionaram, em boa hora, para tomar em suas mãos o destino da M.S., já que em 1979 a instituição vivia um momento atribulado), a Santa Casa só tinha a funcionar o Centro de Bem Estar Infantil. Começou a ampliar este espaço, comportando hoje 100 crianças nas valências de creche e de infantário. Com o edifício ampliado, em 1982, é criado o Apoio Domiciliário para vinte utentes, sendo mais tarde aumentado para 45, ficando a servir as freguesias de Amoreira da Gândara, Ancas, Avelãs de Caminho e Sangalhos. Segundo José Costeira, Narciso Marça voltava-se então para o mundo dos idosos e “pensa na criação de um edifício para instalação de um Centro de Dia e Lar”, mas faltava o terreno para a sua implantação. Não tardou a encontrar a solução em família: doava um terreno com a área necessária para a implantação do edifício, exactamente onde estão hoje localizados o Centro de Dia e o Lar. Sempre dinâmico e empreendedor em favor dos outros, em 1994, lança e executa uma outra ideia: a construção de Residências vitalícias “a fim de dar resposta aos idosos com melhores condições a nível económico e social”. Em 1993 a Santa Casa cria as actividades dos Tempos Livres nº 1 junto à Escola de Sá para 30 crianças e em 1995, o mesmo acontece junto à Escola de Sangalhos. A ÚLTIMA GRANDE OBRA A ideia de bem fazer preside à sua vida, criada em Anadia a Comissão de Protecção de Menores, Narciso Marça integra-a como representante da Misericórdia e é aí que surge a ideia da criação de um Centro de Acolhimento para Crianças em Risco. Resultado: a sua construção é, graças à sua acção, feita no complexo da Misericórdia de Sangalhos, constituindo o único centro do género entre os rios Vouga e Mondego. Hoje, a obra está quase pronta, apesar das dificuldades criadas pelo facto da Segurança Social não ter cumprido com o que prometera. Quem prometeu e cumpriu foi o comendador Almeida Roque que ofertou 10 mil contos para a obra que deveria estar pronta há três anos, mas explicou José Costeira: “vários motivos, sendo o principal a falta de dinheiro a todos os níveis, impediram que tal acontecesse, encontrando-se agora na recta final, com certas dificuldades, por falta dos apoios prometidos”, lamentou-se José Costeira. Dirigindo-se concretamente a Narciso Marça disse: “foram vinte anos de muito trabalho, de muitas canseiras e inúmeros sacrifícios que sempre suplantou, mas sempre a pensar naqueles que mais precisavam de ajuda”. Aqui a voz embargou-se-lhe naturalmente e as lágrimas saltaram. Era o discurso e a verdade das lágrimas. Eram vinte anos de trabalhos em comum sempre no melhor sentido: bem servir os que mais precisavam. ACTO DE JUSTIÇA Manuel Oliveira Dias na sua intervenção começou por confessar “grande amizade e muito respeito pelo trabalho desenvolvido na Misericórdia de Sangalhos” que “sabe viver o espírito das misericórdias através das pessoas”. Falando de Narciso Marça, afirmou que encontrou nele “sempre uma palavra de bom humor e de dinâmica muito grande”. De tal modo imprimiu dinâmica que a Misericórdia deu um salto muito grande, porque, ao fim e ao cabo, ele foi uma “pessoa que deu muito de si à Misericórdia”. Por isso, altamente merecedor deste “gesto de carinho e de gratidão”, ele que “é uma referência” e um “conselheiro amigo” que não deixa de aparecer pela casa que construiu com tanto amor. Para Litério Marques, o que se estava ali a praticar não era mais do que “um acto de justiça”, relativamente a quem o concelho de Anadia muito devia. Afinal, “homenagem de reconhecimento que se faz a quem fez tudo para que os mais desprotegidos tenham aquilo que eles merecem”. E formulou um voto: que “veja andar de vento em popa aquela obra”, - referia-se ao Centro de Acolhimento para Crianças em risco. Para o representante do governador civil estava bem claro o motivo desta homenagem “depois de ver o rol das obras”. Encerrou a sessão solene o bispo de Aveiro, D. António Marcelino, que lembrou algumas facetas humanas de Narciso Marça: homem de conciliação e sereno, entre outros atributos, dinâmico e empreendedor, sempre com vontade de superar as dificuldades. Graças a ele, a Misericórdia de Sangalhos, que é a única no país com sede em freguesia que não seja sede de concelho, usufrui de “alto capital de amor”. O bispo recordou no entanto, que “nunca uma obra é isolada” e por isso recordou o trabalho e dedicação das religiosas no Centro Infantil, junto de toda a gente, e silenciosamente a fazer o bem. E com “ninguém é grande sozinho”, trouxe para a beira de Narciso Marça todos aqueles que estiveram com ele na gestão da instituição. Dado à obra e aos outros, reconheceu D. António Marcelino: “ele soube repartir-se muito bem”: pela família, pela empresa, pela misericórdia para concluir que é gente desta que sabe repartir-se, que “dá tempero ao mundo egoísta”. Por sua vez, Narciso Marça, sempre um pouco avesso a discursos, depois de dizer que nada diria, sempre agradeceu, comovido, a todos os que ajudaram a instituição a crescer, lembrando o extraordinário relacionamento entre “esta gente que trabalhou para os outros, nunca para si”. LEMBRANÇAS E BEIJOS Gratos se mostraram as mulheres e raparigas que servem a instituição, ofertando lembrança, flores e cumulando-o de carinhos e beijos. A instituição marcou a data também com a oferta de uma salva de prata. Outras lembranças recebeu da parte das Misericórdias de Arouca, Vagos, Anadia e Ovar. Mas ainda dos Correios um livro de Damião de Góis e também da parte do Sangalhos Desporto Clube. (26 Out / 11:51)

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