Pranchas de surf em madeira, com menor espessura e mais baratas que as disponíveis no mercado estão a ser produzidas por uma empresa de três alunos e de um ex-aluno da Universidade de Aveiro (UA). Por isso, avançaram com a ideia de produzir pranchas de surf em madeira e num outro material muito português, a cortiça, resultando num produto mais amigo do ambiente. A matéria-prima sobrante é usada na produção de skates longboard que estão a ser ilustrados por artistas.
O projeto chama-se KAI® WoodSurfboards, está alojado na Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA) e beneficiou do apoio da iniciativa Passaporte para o Empreendedorismo, do IAPMEI. Já começou a comercialização das primeiras unidades.
As pranchas de madeira têm um tempo médio de vida maior que as de espuma, no entanto são, normalmente, mais pesadas e muito mais caras. A KAI® WoodSurfboards, garante ter ultrapassado estes obstáculos com recurso a várias mudanças na conceção das pranchas. O material principal é madeira, que é mais leve e resistente, elemento essencial na estrutura de suporte, através de um processo designado “Hollow Wood Spine”, em que uma espinha central sustenta os tampos superiores. Depois, o corte controlado por computador (CNC) permite maior rigor e rapidez no trabalho. A aplicação de cortiça em pontos onde é difícil fazer o mesmo com madeira, designadamente, nos “rails”, termo usado pelos surfistas para designar as faixas laterais, introduz um toque de leveza e portugalidade. É com estes argumentos, os alunos da UA esperam conquistar um nicho de mercado cada vez maior, sendo que as encomendas já começaram e já foram realizadas algumas vendas do produto.
A ideia surgiu em contexto académico, quando os alunos frequentavam a disciplina de “Projecto em Design de Empresas”, da licenciatura em Design da UA. Mas só começou a tomar forma no final do Verão de 2013. Gonçalo Ferreira e Paulo Teixeira são alunos do Mestrado em Engenharia e Design de Produto e José Nogueira é aluno do Mestrado em Design.
Nos últimos meses foram realizados testes com surfistas na zona de Aveiro, incidindo junto de escolas de surf locais. O projeto foi acolhido na Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro (IEUA) onde tem contacto com profissionais das áreas de gestão e marketing e com outras ideias de negócio.
Depois de um ano a beneficiar do Passaporte para o Empreendedorismo, iniciativa do IAPMEI, a equipa pôde reunir os fundos monetários necessários para comprar toda a maquinaria de suporte à ideia. Após a entrada da cortiça nas pranchas, estabeleceu-se contacto com a Amorim Cork Ventures, no sentido de se iniciarem colaborações para incluir a cortiça nas pranchas e nos skates longboard que são produzidos com material sobrante das pranchas, e ainda com um investidor das Caldas da Rainha, proprietário duma rede de hotelaria dedicada à temática do surf.
Brevemente, abrirá um espaço de venda de skates longboard na Associação Cultural Mercado Negro, em Aveiro, para divulgação da marca em conjunto com alguns artistas gráficos, como é já o caso do ilustrador “Kest”. Avançam ainda outras iniciativas, incluindo contactos com retalhistas da área do surf e skate.
Atualmente, concebe-se o primeiro catálogo de produtos para disponibilização online. Para já, vão estar disponíveis modelos standard. Mais tarde, será possível encomendar modelos adaptados à necessidades de cada cliente, tarefa onde será fundamental um software, a agregar à página web em fase de conceção, que indicará a prancha mais adequada para cada utilizador e para cada conjunto de condições de utilização.
Texto: UA
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