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16-02-2004

Empresas nacionais burladas na compra de bilhetes


Euro 2004

Pelo menos dez empresas portuguesas, algumas delas "muito conhecidas", foram vítimas de burla e tentativa de burla na compra de bilhetes para o Euro 2004, disse à Agência Lusa fonte do Instituto do Consumidor (IC).
O jurista Manuel Fidalgo adiantou que algumas destas empresas, que se escusou a identificar, gastaram montantes na ordem dos 10 mil euros para sinalizar a compra de bilhetes que não vão obter, tendo depois pedido esclarecimentos ao IC.
Os falsos ingressos foram oferecidos através de emails enviados pelo site Sports Mondial PLC, sediado na Austrália, EUA e Reino Unido, a preços muito superiores ao seu valor real.
"Uma importante entidade bancária pagou 9250 euros por um conjunto de bilhetes que não existe", disse o consultor do IC, que já recebeu pelo menos dez queixas de empresas portuguesas em situações semelhantes.
Outra grande empresa nacional, no ramo dos têxteis, decidiu cancelar a compra depois de ter descoberto o logro, tendo recebido de seguida um fax onde podia ler-se "fará parte da lista negra da UEFA", conta o jurista.
O IC, que está a trabalhar em estreita colaboração com a Euro 2004 S.A já entrou em contacto com as suas entidades homólogas nos países em que se situa a empresa, estando o instituto australiano a "tentar suspender as vendas da Sports Mondial".
Até agora não há registo de sites portugueses envolvidos neste negócio ou de particulares portugueses que tenham sido vítimas desta fraude.
Os casos mais frequentes desta fraude têm origem em sites britânicos, que vendem bilhetes para o Europeu a preços que chegam a atingir o dobro do valor verdadeiro, o que pode constituir crime de especulação, disse Manuel Fidalgo.
Uma preocupação do IC e do Euro 2004 é alertar os consumidores para o facto de os ingressos adquiridos a entidades que não sejam a Euro 2004 S.A ou as 16 federações com selecções qualificadas para a prova não são válidos.
Os adeptos que se apresentem com bilhetes falsos ou inválidos não poderão entrar no estádio, por motivos que incluem a segurança do próprio. O objectivo da Euro 2004 S.A é conhecer a identidade de todos os consumidores, para evitar que um adepto fique situado no meio de uma claque hostil, explicou Manuel Fidalgo.
No entanto, caso uma pessoa tenha adquirido um bilhete inválido sem conhecimento da ilegalidade, nomeadamente através de concursos ou sorteios não autorizados, e garantida a segurança do consumidor, o IC poderá permitir a sua entrada no recinto.
Neste momento, os bilhetes válidos "nem sequer têm expressão física", devendo ser emitidos até duas semanas antes do início do campeonato, pelo que os consumidores devem ser especialmente cautelosos quanto à legitimidade daquilo que compram, conclui o jurista.
Já em Janeiro, o presidente da Sociedade Euro 2004, Gilberto Madail, havia dito, em conferência de imprensa, que a generalidade das ofertas de bilhetes para o Europeu de futebol são ilegais, podendo os compradores incorrer em casos de fraude ou burla.



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