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03-03-2004

Quercus acusa ERSUC de querer incinerar lixos industr


Ambiente - Incineradora

Os ambientalistas da Quercus acusam a empresa que trata o lixo de 36 concelhos do Centro do país, a ERSUC, de tencionar queimar resíduos industriais e de se recusar a discutir a opção da incineração, disse fonte da associação. Miguel Oliveira e Silva, dirigente da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza, disse à Agência Lusa que a associação vai analisar documentos da Empresa de Resíduos Sólidos Urbanos do Centro (ERSUC) a que teve acesso. A associação vai falar sobre o assunto durante uma conferência de imprensa agendada para hoje na freguesia de Nossa Senhora de Fátima, em Aveiro, uma das possíveis localizações para a construção de uma unidade de incineração de lixos domésticos. É também ali que a Câmara Municipal - que não tem recusado a possibilidade de acolher a incineradora no concelho - está a levar a cabo uma iniciativa do tipo "presidência aberta". Miguel Oliveira e Silva adiantou que a ERSUC se tem recusado a discutir com a organização ambientalista a opção da queima dos resíduos urbanos. "A localização da incineradora é um problema importante, mas antes dessa discussão queremos discutir a opção e a ERSUC tem-se recusado", disse Miguel Oliveira e Silva. Acrescentou que a Quercus está convencida de que a ERSUC se prepara para fazer também a queima de resíduos industriais, mas reservou mais esclarecimentos para a conferência de imprensa de hoje. Um dos documentos a que a Quercus teve acesso há cerca de um mês e que vai agora ser analisado é o estudo realizado para a ERSUC pela Hidroprojecto, tido como base de justificação para a incineradora, mas que Oliveira e Silva diz apontar em sentido contrário. "Pegando na análise feita por esse estudo, nomeadamente na tabela das diferentes comparticipações consoante o tipo de solução, verificamos que, com o mesmo investimento, o custo por tonelada para as autarquias é mais barato no tratamento mecânico biológico, quando tem sido dito que a opção pela incineradora seria também uma questão de custos", comentou. Pelas contas que a Quercus faz, com base no estudo da Hidroprojecto, a tarifa média por tonelada de resíduos custa 17,25 euros em incineração e desce para os 14,44 euros no tratamento mecânico biológico, considerando uma comparticipação de 25 por cento no primeiro caso e de 50 por cento no segundo. Miguel Oliveira e Silva considera ainda que as autarquias têm estado a ser enganadas pela ERSUC, que terá argumentado que o tratamento mecânico biológico não permite eliminar o mau cheiro e cumprir a directiva comunitária dos aterros por tratar apenas 35 por cento do lixo, "o que é falso".

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