Incentivar a produção e o consumo de produtos biológicos, dando-os a conhecer e exortando a população a consumir alimentos e vinhos produzidos segundo métodos e técnicas que respeitam o meio ambiente foram dois dos objetivos daquela que foi a 1.ª edição da Feira do Ambiente “Anadia + Verde”, realizada nos dias 3 e 4 de junho, na Praça Visconde de Seabra, em Anadia.
Um evento que procurou ainda promover a cidadania e o respeito pela qualidade de vida da comunidade, proporcionando agradáveis momentos de confraternização.
Uma mostra dedicada aos produtos biológicos e à proteção do meio ambiente, organizada pela Câmara Municipal de Anadia e que se traduziu num verdadeiro sucesso, não só pela grande adesão de visitantes, mas por ter servido de ponto de encontro a todos aqueles que quiseram conhecer melhor as vantagens e os benefícios da produção biológica.
Ambiente e saúde. A abertura do certame aconteceu na manhã de sexta-feira e foram muitos os anadienses que por ali passaram.
Na ocasião, a edil Teresa Cardoso recordou a candidatura realizada pelo município em 2015, no âmbito do ECO 21, que premiou Anadia com a Bandeira Verde: “Ficámos a perceber que, comparativamente a muitos outros municípios, já tínhamos boas práticas que vínhamos desenvolvendo”.
Reconhecendo que faltava mostrar aos cidadãos do concelho o muito que Anadia vai fazendo pelo ambiente, esta feira procurou, acima de tudo, fazer a sensibilização da comunidade para a necessidade de uma alteração de comportamentos em prol do ambiente.
Ciente de que o ambiente e a saúde caminham lado a lado, a autarca Teresa Cardoso não deixou de destacar a importância da promoção e consumo de produtos biológicos, assim como a necessidade de adotar modos de produção mais amigos do ambiente, que afastem o recurso a tratamentos com produtos químicos.
“Esses produtos não estão só na moda, trazem benefícios também para a nossa saúde”, referiu.
Uma mostra dos muitos produtos biológicos já cultivados no concelho mas também dos vários produtores de viveiros florestais, não fosse o concelho um dos que na região possui uma das maiores manchas florestais: “Importa, por isso, realçar este setor, que é muito importante para a economia do nosso concelho”.
O espaço da feira foi ainda, durante estes dois dias, palco para diversas oficinas, ateliês, demonstrações, palestras, exposições e outras ações de divulgação da atividade das entidades participantes, designadamente associações ligadas ao setor ambiental, estabelecimentos de ensino, viveiros, empresas e produtores biológicos, havendo também um espaço de restauração (biológica), a cargo da VITI.
No primeiro dia de certame, todas as escolas do 1.º CEB com Bandeira Verde ECO 21 visitaram este espaço. Todos levaram para casa uma pequena árvore (carvalho ou medronheiro) para plantar em casa.
Com esta iniciativa quis a autarquia fazer de Anadia um concelho mais verde, incentivando os mais pequenos à reflorestação e a respeitarem a natureza.
No total, foram disponibilizadas cerca de 800 pequenas árvores.
A animação esteve a cargo de alunos da VITI, com várias atuações.
Iniciativa a repetir. De visita ao certame, o autarca Fernando Fernandes, presidente da União de Freguesias de Arcos e Mogofores, considerou esta uma “iniciativa fantástica.” Mais uma iniciativa deste executivo “em relação à qual temos de dar os parabéns pela sua realização.”
O autarca acredita que, através deste tipo de iniciativas, é possível “sensibilizar as crianças para as problemáticas ambientais”.
Com stand na feira, a produtora e vitivinicultora Filipa Pato revelou que, sendo bastante sensível para o ambiente, “sempre que pego numa vinha deixo de usar herbicidas”. Por isso, “a biodinâmica foi uma transição que fizemos há dois anos” e que “acrescenta mais qualidade ao produto, embora a produção seja ligeiramente menor”. A produtora acredita que “este será o futuro, para bem dos nossos filhos e netos. Será a salvação do planeta.”
Também Joana Campolargo, da Adega Campolargo, se mostrou bastante agradada com o certame. “Temos 170 hectares de vinha em regime de proteção integrada. Ou seja, qualquer intervenção feita na vinha está sujeita a um controle feito por uma entidade certificada e externa.” A JB revelou ainda que “só usamos produtos químicos em casos extremamente necessários, e também na parte de vinificação não usamos qualquer produto enológico”.
Já António Luzio, da Green Flavours, empresa sediada na Incubadora de Empresas da Curia, com stand no certame, está a produzir kiwis e framboesas em modo biológico. “Existimos desde 2013 e o balanço é muito positivo.”
Ciente de que a produção biológica é menor mas de muito maior qualidade, avança que na produção biológica não tem despesa com produtos fitofármacos, embora aumentem os custos com a mão de obra.
“É tudo feito manualmente. Temos 1, 5 hectares de framboesa e um hectar de kiwi. Esta é uma iniciativa excelente que deve continuar”, conclui.
OPINIÕES
Idalina Faneca
Diretora pedagógica do Colégio de Famalicão
“Esta é uma iniciativa extraordinária. As crianças precisam de ver, de tocar para aprender e para poderem apreciar. Este contacto com a realidade local é muito positivo e saber que todas as escolas estão aqui é muito bom.”
Amílcar Costa
Diretor do Centro Escolar de Sangalhos
“Somos uma Eco Escola e como tal, hoje, aqui estamos. É importante a sensibilização para as questões do meio ambiente e proteção da natureza e criar hábitos ambientais. As crianças levam para casa estas mensagens e acabam por motivar os pais. É uma excelente iniciativa e o ponto de partida para outras neste âmbito.”
Patrícia Carvalho
“Ervas do Casal”
“Estamos em Mogofores. A nossa exploração agrícola produz plantas aromáticas e medicinais biológicas. Repare que estes produtos são cada vez mais procurados, sobretudo as pessoas começam a ter mais conhecimento da importância do cultivo em biológico. Acho que esta é uma iniciativa excelente que deveria acontecer mais vezes. Deveriam promover mercados biológicos e com culturas sustentáveis. Seria muito interessante.”
Catarina Cerca
catarina.i.cerca@jb.pt
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