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15-07-2004

Bagão Félix Ministro das Finanças


Governo

O independente António Bagão Félix, indicado pelo CDS-PP, vai assumir uma das pastas centrais no novo Governo de Pedro Santana Lopes, a das Finanças, onde substitui Manuela Ferreira Leite.

Aos 56 anos, Bagão Félix transita da pasta da Segurança Social e do Trabalho, onde ficou conhecido como um dos ministros mais reformistas do Governo de Durão Barroso.

Nasceu em Ílhavo a 09 de Abril de 1948 e no liceu nacional de Aveiro, onde se destacou pelas boas notas, foi distinguido com o prémio "Aluno de melhor carácter".

Rumou a Lisboa para cursar Finanças no actual Instituto Superior de Economia e Gestão, onde teve como professores João Salgueiro e Aníbal Cavaco Silva, que mais tarde o havia de convidar para fazer parte do seu Governo.

As empresas de seguros foram o primeiro palco profissional de Bagão Félix, que se assume como um "homem da empresa" e "de direita", mas avesso à disciplina partidária. "Gosto mais de ser gestor", disse um dia.

Mas acabaria por se cruzar com a política quando em 1981 assume a pasta de secretário de Estado da Segurança Social do governo AD então liderado por Pinto Balsemão.

Quando sai do Governo retoma a sua actividade financeira, tornando-se administrador do Banco de Comércio e Indústria. Nos anos seguintes passa ainda pela administração do Banco de Portugal e pelo Parlamento, como deputado independente do CDS/PP.

Uma experiência que não lhe deixou boas lembranças porque o que gosta mesmo é fazer e decidir e no Parlamento "há muito verbo".

Em 1987, volta à área do poder para a secretaria de Estado do Emprego e Formação no primeiro governo de Cavaco Silva. Ficou quatro anos. Saiu para vice-governador do Banco de Portugal.

Antes, em 1986, tinha-se filiado no CDS/PP para apoiar a candidatura de Morais Leitão à liderança do partido, mas acabaria por sair em 1991, mantendo-se fiel aos princípios democratas-cristãos, mas alheio a qualquer cultura partidária.

Por várias vezes foi dada como certa a sua refiliação no CDS mas, até agora, continua por concretizar.

Adepto ferrenho do Benfica, chegou a ser vice-presidente da assembleia geral do clube e participou na elaboração dos actuais estatutos dos encarnados.

Outra das suas grandes paixões são a natureza e a botânica.

Costuma falar com as plantas e distingui-las pelos seus nomes técnicos.

Casado, com duas filhas e uma neta, sempre preferiu a linguagem dos números e costumava dizer que a linguagem matemática "é mais pura e sem ruídos".

Católico praticante e profundamente religioso, combina a imagem de rigor e seriedade com a tolerância em relação a quem pensa de forma diferente, disse à Lusa uma assessora.

O futuro ministro das Finanças tem também livros publicados e está oficialmente registado como actor na página de Hollywood, pela sua participação no filme "Tráfico" de João Botelho.


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