Quanto a Junta de Freguesia lançou a ideia, ninguém imaginou o que seria uma experiência deste género nesta pequena vila da Mamarrosa.
Superaram-se todas as expectativas. As pessoas aderiram de uma forma tão pronta e espontânea que jamais tinha passado pela cabeça de alguém que uma tal experiência fosse por todos tão acarinhada e francamente apoiada e desenvolvida até limites bem longe e incertos na maior parte das nossas mentes, ainda até há pouco tempo.
Uma autêntica lição de vida, de trabalho, de compreensão, de solidariedade e adesão a uma causa. Uma lição ainda para o futuro: as pessoas sempre aderem, se entusiasmam, lutam e trabalham, se a motivação for propícia e adequada aos seus anseios, às suas realidades, aos seus interesses – se for de encontro às vivências que estão na base do nosso quotidiano, daquilo que move cada qual no tempo e no espaço que o envolve e delimita.
Uma lição para velhos e novos, mais cultos e menos cultos, que se uniram, empenhando tempo, imaginação e esforço na prossecução de uma tarefa que se propuseram levar a cabo. Também uma lição de camaradagem, colaboração e inter-ajuda: para os conterrâneos e para os muitos forasteiros que nos visitaram contemplando embevecidos o que foi possível realizar, numa primeira vez e sem qualquer preparação prévia.
A alegria e o entusiasmo andavam à solta, de mistura com o muito trabalho e canseira que ninguém regateou nem contabilizou. Todos se preocuparam, sim, em dar o seu melhor para mostrarem alguns dos aspectos (em especial os pantagruélicos) da nossa realidade de todos os dias.
Notou-se uma certa preocupação em apresentar o que é genuíno da terra, o que nos prende ao chão que é bem nosso e que por isso nos identifica e distingue dos demais. Na cadeia passado – presente – futuro, o homem no tempo e no espaço, a sua luta pela sobrevivência e a vontade forte em superar dificuldades, desdobrando-se em outras tantas facetas de lidar com a terra, com os produtos, como ambiente com os seus semelhantes, com os outros seres vivos, enfim, com as realidades a que constantemente tem de se ajustar.
A primeira feira gastronómica – um sucesso que ultrapassou os objectivos propostos - promoveu e divulgou o nome da Mamarrosa, criou e animou a festa cultural e mostrou um pouco daquilo que é genuinamente nosso ao apresentar saberes e competências – herança que, de geração em geração, os naturais vêm defendendo e preservando com toda a dedicação e carinho. E constituiu um foco de interesse que mobilizou grande parte da vila.
A feira integrada na festa do mártir S. Sebastião, o que também foi uma experiência, parece-nos que, apesar de alguns problemas e contratempos próprios, destes dias já por si trabalhosos e agitados para os residentes – uma aposta que resultou, num grande motivo de interesse, animando a festa e esta igualmente, animando a feira, numa complementarização perfeita.
Assumindo um todo festivo, vivo e colorido, a feira tornou-se foco de interesse e movimentação, agregando desejos e vontades, marcando bem positivamente esta sua primeira edição.
Claro que houve faltas - de admirar seria que as não houvesse. Monetariamente talvez também nem tenha compensado.
Cada um fez o melhor que soube, apresentou o que foi capaz, não se poupando a esforços nem a canseiras e, por isso, de uma maneira global, podemos afirmar que foi uma actividade francamente positiva que atingiu já bastante nível e que fica decerto para o futuro como uma feliz iniciativa na Mamarrosa.
Rosinda de Oliveira |
