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24-11-2004

Necessidade de combater o abandono das zonas rurais


Anadia

Tendo como prioridade o rejuvenescimento agrícola regional, até porque, como referiu Leonel Amorim, director Regional da Agricultura da Beira Litoral, “são aos jovens agricultores o garante do futuro do sector agrícola”, - a Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral tem vindo a promover um conjunto de iniciativas, durante este mês de Novembro, entre as quais “o mês do jovem agricultor”, onde se incluem encontros sub-regionais com jovens agricultores.

O último realizou-se, na passada quinta-feira, dia 18, no auditório da EVB. Voltado especificamente para o sector vitivinícola, este encontro contou com a presença de Carlos Duarte, secretário de Estado Adjunto do Ministro da Agricultura, Pescas e Florestas.

“Não se faz agricultura sem terra”

O evento, que se realizou entre as 14.30 e as 19 horas, serviu ainda para ouvir várias comunicações, entre as quais as de Leonel Amorim, director Regional da Agricultura da Beira Litoral, Bianchi de Aguiar (ex-secretário de Estado e professor universitário), Firmino Cordeiro (presidente da AJAP), Mário Sérgio Nuno (jovem empresário agrícola), entre outros.

Após uma tarde de trabalho, Leonel Amorim concluiu, à comunicação social, a necessidade de redimensionar as explorações agrícolas, avançando ainda que, para muitos agricultores, existe alguma dificuldade burocráticas em matéria de conseguir apoios, bem como ao nível do licenciamento.

Foi ainda dado a conhecer a este responsável, sobretudo por Mário Sérgio Nuno, a necessidade de criar uma boa imagem da região, definindo novas estratégias de comunicação. Este responsável tomou ainda contacto com a necessidade de diferenciar o produto (vinho Bairrada) dos restantes vinhos nacionais, valorizando o vinho da Bairrada e defesa das denominações de origem.

Contudo, na cerimónia de abertura dos trabalhos, o autarca anadiense, Litério Marques, foi o protagonista da tarde ao proferir a intervenção mais dura e crítica.

O número um do executivo anadiense teceu duras críticas à estrutura e divisão fundiária: “ouve-se falar de muitos incentivos e ajudas, mas este país ainda não teve tempo para se debruçar sobre o problema da agricultura portuguesa”.

Segundo Litério Marques “não se faz agricultura sem terra e nós não temos assim tanta terra que possamos administrá-la da forma como ela está distribuída - minifúndio”.

Para o edil anandiense, “em tempo de globalização, este é o nosso maior obstáculo, pois enquanto se ordena o país em vários sectores a agricultura, ainda não conseguiu impor um ordenamento onde se possa ter uma exploração que tenha a tal rentabilidade necessária para ser competitiva relativamente a outros países”, concluindo que “falta coragem política para tal”, já que considerou o ordenamento do território no sector agrícola “imprescindível”.

Cativar jovens para a agricultura

Por seu turno, Carlos Duarte destacaria “a importância destes encontros onde jovens como Mário Sérgio Nuno podem evidenciar o que de bom se faz na agricultura”. Encontros, diria ainda que “servem para partilhar experiências e evidenciar que o Estado não se reduz às funções públicas, mas que é um instrumento de apoio aos agricultores”. Daí o seu apelo aos presentes para que “vejam o Ministério da Agricultura não como um inimigo, mas como um amigo, um aliado”.

Relativamente ao sector vitivinícola, num país onde existem 236 mil produtores, este responsável falou da “alteração na legislação”, sobretudo ao nível das infracções por forma a “punir quem prevarica, contribuindo para acabar com a concorrência desleal no sector”.

Carlos Duarte falaria ainda do associativismo, das suas vantagens e benefícios, devendo o sector vitivinícola seguir o exemplo do leite e da criação da Lactogal.

Segundo este responsável, o objectivo do Ministério da Agricultura e a sua ambição passam por “fazer afirmar a agricultura como um factor decisivo para o desenvolvimento sustentado do país”, daí considerar ser preciso “cativar jovens para a agricultura, criar condições e dar-lhes qualidade de vida.”

Carlos Duarte referiu-se ainda à necessidade de combater o abandono das zonas rurais, fomentar a produção de produtos de qualidade e fomentar sistemas produtivos adaptados ao ambiente.

Catarina Cerca


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