Esta extensão de saúde apenas abre as portas ao público, três tardes por semana (das 14 às 17 horas às 2ªs, 4ªs e 6ªs feiras - medicina), e presta serviços de enfermagem apenas nas manhãs de 3ªs feiras e tardes de 6ªs feiras.

Embora a boa vontade e profissionalismo dos profissionais destes sectores seja enorme (é sabido que normalmente o Dr. Mário Sousa começa a dar consultas muito mais cedo e acaba muito mais tarde à custa provavelmente do seu horário das refeições e descanso), a verdade, é que mesmo assim, os horários estão muito aquém das reais necessidades da população da freguesia.

Há já cerca de 1050 utentes inscritos nesta extensão de saúde de Tamengos e haverá muitos habitantes desta freguesia que optam por não se inscrever nela, visto que esta não pode, pelos horários praticados dar garantias de um bom atendimento, e assim vão inundando urgências de hospitais, ou, se têm a sorte de pertencerem a outro subsistema de saúde, vão a consultórios particulares, outros ainda continuam a optar ser atendidos noutra extensão de saúde, que não a da sua residência.

Por cada dia (tarde) de atendimento ao público, o médico de família atende 14 utentes (10 por marcação e quatro do próprio dia), o que, a fazer fé no horário afixado, daria uma média de 12 minutos por consulta? O ano tem 52 semanas, mas o nosso médico de família tem direito a férias, pode adoecer, ou até faltar ao serviço por outros motivos? ou seja, se, em determinado ano, todos os utentes da extensão de saúde se lembrassem de fazer (e deviam-no fazer) um exame médico de rotina anual, o médico de família ficaria quase sem tempo (nesse ano) para atender outro tipo de consultas, pois, pelas nossas contas, o médico de família dará por ano menos de 2000 consultas em Tamengos, o que, no universo de 1050 utentes? penso que os números falam por si, e, são também válidos para o serviço de enfermagem.

Acresce a este facto que as sextas-feiras são prioritariamente reservadas a consultas de planeamento familiar, saúde materna e às crianças, e é sabido que, em qualquer destes grupos, o número de consultas anuais é bastante grande.

Como é evidente, os serviços de enfermagem estão pela mesma medida, e aqui também surge outro problema, pois para ser administrada uma simples vacina, o doente (e muito bem) tem de estar inscrito na extensão de saúde e ser acompanhado pelo médico de família, sendo que, nas tardes de sexta-feira, o Enfermeiro José Manuel, começa por assistir crianças, grávidas e senhoras inscritas em consultas de planeamento familiar.

Já se conseguiu por estas linhas explicar que em Tamengos se necessitar de uma baixa médica, ou de um tratamento de enfermagem mais complicado, ou apenas um teste do pezinho a um recém-nascido, terá de recorrer a outros serviços, que não os da extensão de saúde de Tamengos. Poderá sempre ir à sede de concelho (centro de saúde de Anadia), isto se tiver possibilidade de ou se fazer transportar ou ainda se tiver dinheiro para pagar um Táxi (e vendo bem os valores envolvidos, se calhar, empurram a população de Tamengos para o serviço de saúde particular).

Poderemos sempre dizer que este é o estado do país, que não há médicos? Este é sempre o caminho mais fácil, mas, ainda há pouco tempo, por não ter a extensão de saúde de Tamengos aberta, e por saber que o enfermeiro José Manuel presta serviço na extensão de saúde de Aguim, desloquei-me a essa localidade, e pude verificar, que, em quase todos os dias e turnos, (manhãs e tardes) existem nessa extensão de saúde serviços médicos e/ou de enfermagem, numa proporção, se calhar, em dobro ou mais do atendimento que é feito na extensão de Tamengos.

Como é lógico, não quero com esta comparação dizer que os serviços de Aguim são muito bons (porque, se calhar, até nem são), apenas quero demonstrar que, os serviços da extensão de saúde de Tamengos estão muito aquém do que seria desejável e que, como termo de comparação, a freguesia limítrofe está bem melhor, e que se apregoa que a Curia é uma estância de saúde e lazer e? para bom entendedor meia palavra basta?

E, já que falamos em comparações, alertaria ainda os responsáveis para o deficiente (ou quase inexistente), aquecimento na extensão de saúde (inclusive gabinetes de enfermagem), pois, apenas com aquecedores a óleo ligados no início da tarde, é impossível nas primeiras consultas ter os gabinetes minimamente à temperatura ideal de (por exemplo) fazer despir um bebé com dias de vida.

Também gostei de ver que em Aguim, ao contrário de em Tamengos, há uma preocupação com os utentes que esperam horas por uma consulta e vão tendo cadeiras mais confortáveis e até uma televisão para ajudar a passar o tempo.

Não queria terminar sem deixar uma palavra de apreço ao Dr. Mário Sousa e ao enfermeiro José Manuel pelo bom serviço, que, apesar, de tudo têm feito à população.

Pedro Figueiredo