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19-01-2005

Três Mercedes de Litério "Aceleram" polémica


Anadia

A Câmara Municipal de Anadia acaba de adquirir uma nova viatura que está a causar algum mau estar e polémica junto dos munícipes de Anadia. Trata-se de um veículo de gama alta, mais concretamente um Mercedes - classe E - 270 CDI que terá custado aos cofres da edilidade aproximadamente 170 mil euros. Até aqui nada de anormal, não fosse este o terceiro Mercedes adquirido pelo autarca de Anadia em pouco mais de seis anos.

Apesar das justificações do autarca, a verdade é que a oposição e os vereadores da oposição não concordam com a aquisição que consideram “exagerada”, “inoportuna” e “despesista”.

Seis anos - três Mercedes novos

O primeiro Mercedes da autarquia foi adquirido em 1998 e o segundo já em 2002 tendo a Câmara Municipal comprado agora um terceiro - chegou no passado dia 6 que, a partir de então, tem sido alvo dos mais diversos tipos de comentários. O descontentamento faz-se sentir em torno de conversas de café ou de cartas anónimas que vão circulando em Anadia.

O autarca nega diametralmente a acusação de esbanjamento de dinheiro público e explicou, em primeira mão, ao nosso jornal tratar-se de “uma necessidade”, uma vez que os outros dois Mercedes, um de 1998 e o outro de 2002, já se encontram “gastos” e ao serviço da edilidade.

Litério Marques justifica assim a compra de um novo veículo, topo de gama, com a “necessidade da autarquia possuir uma viatura nova para serviço de representação”. “A Câmara Municipal precisa de uma viatura capaz e à altura para receber, por exemplo, ministros e secretários de Estado”, diria o autarca, reconhecendo ainda, por outro lado, “a necessidade de uma viatura com estas características para deslocações mais longas”.

Segundo o autarca, “é preciso que os munícipes saibam também que esta e outras viaturas foram adquiridas directamente pela Câmara Municipal à Central de Compras do Estado e imediatamente pagas”.

Embora tenha custado cerca de 170 mil euros, Litério Marques garante que a “boa situação financeira da autarquia” lhe permite fazer este tipo de aquisições, avançando ainda não compreender o porquê de tanta polémica e descontentamento, quando a autarquia não comprou só esta viatura, mas muitas mais.

Renovação da frota da CM

O edil anadiense referia-se a um investimento acabado de realizar e que rondou os 350 mil euros (70 mil contos) e que inclui ainda a aquisição uma ambulância para os Bombeiros Voluntários de Anadia (já entregue e orçada em 50 mil euros), dois Toyotas Corolla ligeiros que estão ao serviço dos técnicos da Câmara Municipal, duas retro-escavadoras (uma pequena e outra grande), dois Toyota Hilux - um de tracção dupla e outro de tracção simples, uma Mini-pá carregadora e um camião.

Tudo, garante, “pago a pronto “, prova de que as finanças da autarquia “estão de boa saúde” e todas elas “necessárias”, uma vez que, como explicou, “o parque automóvel da Câmara é enorme e sofre um grande desgaste. Como não é nossa intenção manter viaturas velhas - até porque a sua manutenção e reparação é muito elevada, a Câmara Municipal, por opção, de boa gestão e por forma a gastar menos dinheiro optou pela renovação constante da sua frota”.

Por outro lado, explicou ainda, “como a aquisição em leasing é muito cara optamos por esta modalidade - é uma questão de escolha de critérios”.

Exagero e despesismo

A JB, o vereador Rui Marinhado, responsável máximo pelo Partido Socialista de Anadia considerou tratar-se de “compras que são fruto da gestão da Câmara Municipal e como tal só o presidente será responsável e avaliado no momento próprio”.

Por outro lado, avança ainda que, “talvez não se justifique, neste momento, essa aquisição até porque, em matéria de viaturas para representação, a Câmara Municipal está bem servida”, contudo, o vereador Rui Marina reforça que “se trata de uma questão que se tem de enquadrar dentro de uma política de gestão da Câmara Municipal e de um executivo que se diz transparente e aberto, mas que, na realidade, não o é, na medida em que estes pormenores só fazem parte do conhecimento de algumas pessoas”.

Assim, considerou que “neste momento, não era necessária tal aquisição tanto mais que estamos numa época de contenção de despesas. É um exagero. É um acto de despesismo”.

Surpresa

A JB também o vereador socialista, António Francisco Ferreira, avançou desconhecer tal aquisição tendo, por isso mesmo, ficado surpreendido com a compra do novo Mercedes topo de gama: “não consigo perceber por que razão a Câmara Municipal precisa de uma viatura desse valor. Parece-me um exagero e pouco razoável que em seis anos o presidente da Câmara tenha adquirido já três viaturas dessa marca.”

Por outro lado, reconhecendo que a “Câmara não tem de ter uma posição miserabilista, parece-me, contudo, um exagero esta aquisição, muito embora a situação financeira da autarquia seja boa. Penso que haveria outro tipo de prioridades”.

Catarina Cerca


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