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09-02-2005

Portas volta a ser "o Paulinho das Feiras"


Eleições

O líder do CDS-PP, Paulo Portas, realizou hoje de manhã as primeiras acções de rua desta campanha eleitoral e aproveitou para avisar que, em democracia, quem não está com o povo candidata-se "ao desemprego".

"Em democracia, o soberano é o povo e quem não está com ele é melhor mudar de ramo", declarou Paulo Portas aos jornalistas, durante visitas a uma feira e um mercado no distrito de Aveiro, pelo qual é cabeça de lista às legislativas de 20 de Fevereiro.

"Sempre achei que quem não está com o povo, quem não gosta do povo é uma recomendação para o desemprego", reforçou.

Portas explicou que só começou os contactos directos com a população ao quarto dia de campanha para "não misturar a política com o Carnaval".

O presidente do CDS-PP salientou, contudo, que os partidos de Governo "têm a obrigação de fazer campanha institucional" e ressalvou que, na sua opinião, "todos os líderes em Portugal gostam do contacto com a população".

Mas, para evitar que estas declarações fossem lidas como uma crítica a Santana Lopes, o único líder partidário que até agora não realizou acções de rua, Portas elogiou as qualidades deste nos contactos com populares.

Num encontro quarta-feira com jornalistas em S.Bento Santana Lopes explicou que não gosta de andar nas ruas com tambores nem de entrar em lojas ou distribuir sacos de plástico.

"Já não se usam determinados tipos de campanha", disse o candidato do PSD.

Paulo Portas reconheceu que iniciou as acções de rua perto do seu "eleitorado", a gente com "raízes cristãs" dos concelhos de Oliveira do Bairro - onde o CDS-PP é a segunda força política, a seguir ao PSD, e o presidente da câmara é o democrata-cristão Assílio Gala - e de Vale de Cambra.

"Estou junto do meu povo", disse Portas, que parou o trânsito para cumprimentar os motoristas, deu "bom dia" e distribuiu beijinhos às feirantes, recebendo em troca elogios, desejos de "sorte" e "saúde", mas também algumas recomendações para si e para o presidente do PSD, Pedro Santana Lopes.

"Portem-se bem, que vocês andam-se a portar muito mal, muito mal", aconselhou a vendedora Isaura Galinheiro, da feira de Busto, queixando-se que só visitam as feiras "nesta altura" e acrescentando depois que "só queria era vender as galinhas".

"Diga lá ao seu sócio para falar menos mal das pessoas", recomendou-lhe outro feirante, enquanto um vendedor de cortinados lhe pediu para "tentar fazer melhor".

"Tenho o seu retrato lá em casa", disse, por outro lado, uma mulher, no mercado de Vale de Cambra, onde os tambores da Juventude Popular e os candidatos por Aveiro António Pinho, Miguel Paiva e Manuel Cambra se juntaram à comitiva, que ofereceu panfletos, porta-chaves e sacos de plástico.

"Não tem mais nada, só um saco?", queixou-se uma vendedora. "Eu só tenho sacos", respondeu um dos elementos da comitiva.

Duas idosas que abraçaram o presidente do CDS-PP aproveitaram para criticar o secretário-geral do PS, José Sócrates, a quem chamaram "peixeiro" e "malcriado".

"Eu, se tiver oportunidade de debater com ele, dou- lhe esse recado", replicou Portas, assegurando que continua a ser o "Paulinho das Feiras" porque "as pessoas não mudam de cara nem de pele".

O líder democrata-cristão assegurou que continuará a fazer acções de rua até às eleições "quando o entender", mas sem avisar com muita antecipação porque não quer dar "informação prévia ao adversário".

"Não vou deixar estragar a campanha do CDS", afirmou. "Não mando actores às iniciativas de outros partidos, também não quero actores nas minhas iniciativas", argumentou.

Durante as visitas, Portas cruzou-se também com um ex-combatente que se queixou de não ter ainda recebido a sua pensão depois de ter enviado "três requerimentos", a quem o ministro da Defesa garantiu que "vai receber resposta, com certeza".


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