José Sócrates aumentou segunda-feira à noite os apelos ao voto "construtivo" no PS e não nas forças de esquerda puramente de protesto, num comício em que os socialistas exploraram alegadas divisões entre Marques Mendes e Santana Lopes. Com o Centro de Congressos de Aveiro completamente cheio, o secretário-geral do PS dedicou grande parte do seu discurso ao eleitorado mais jovem, sustentando que esta faixa etária "entende as propostas de futuro" do seu partido viradas para "a inovação e o conhecimento", para "o ambiente e a qualidade de vida". "É no PS que os jovens devem apostar", declarou, antes de frisar que os socialistas "não se limitam a querer tirar do Governo" o PSD e o CDS-PP mas também pretendem "construir uma alternativa". "Entendo aqueles que querem protestar, mas aqueles que querem protestar e construir uma alternativa devem votar no PS", disse, numa frase em que tentou traçar uma linha de demarcação entre o seu partido e o Bloco de Esquerda. As críticas mais duras ao Governo e a Pedro Santana Lopes foram feitas pelo dirigente socialista Jaime Gama, pelo presidente da Câmara de Aveiro, Alberto Souto, pelo líder da Juventude Socialista (JS), Pedro Nuno, e pelo cabeça de lista do PS em Aveiro, Manuel Pinho - este último disse pertencer aos "80 por cento" que não compra um carro em segunda mão ao actual primeiro-ministro. Jaime Gama usou a ironia para tentar demonstrar que a realidade desmentiu a ideia de que o presidente do PSD e o primeiro-ministro demissionário, Pedro Santana Lopes, seria melhor em campanha eleitoral do que no Governo. "Afinal, Pedro Santana Lopes é ainda pior em campanha do que no Governo", disse, acrescentando que o PSD se limita a explorar a "oportunidade de ocasião, a aparição e o comentário do assunto do dia". "Pedro Santana Lopes aparece cada vez mais como o comentador e cada vez menos como governante", sublinhou. O presidente da Câmara de Aveiro tentou explorar divisões entre Pedro Santana Lopes e o cabeça de lista do PSD por Aveiro, Marques Mendes. "O comício do PSD em Aveiro estava metade cheio e metade vazio. A metade que estava cheia era daqueles que acreditam que Marques Mendes vai ser líder do PSD e a metade vazia era daqueles que ainda acreditam que Santana Lopes vai continuar como primeiro-ministro", apontou. Alberto Souto referiu depois que Santana Lopes foi "secretário de Estado mas saiu a meio do mandato, foi presidente do Sporting mas saiu a meio, foi presidente da Câmara de Lisboa e saiu a meio" e, agora, "vai sair a meio do mandato de primeiro-ministro". "Uma coisa é certa: quando Pedro Santana Lopes sai as coisas melhoram. Ele saiu da presidência do Sporting e o Sporting foi depois campeão", observou, merecendo uma prolongada salva de palmas. O secretário-geral da JS, Pedro Nuno, foi também muito aplaudido quando sustentou que "a vitória de Pedro Santana Lopes é incompatível com a vitória de Marques Mendes". "O primeiro quer continuar a ser primeiro-ministro e o segundo quer ser presidente do PSD. Vamos ajudar Marques Mendes votando em massa no PS", declarou Pedro Nuno. |