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23-05-2019

“É essencial que o Estado não estorve, que seja amigo dos investidores. O excesso de burocracia e de carga fiscal mata o investimento” - Marques Mendes sobre futuro do turismo.



O 6.º Fórum Vê Portugal terminou esta quarta, em Castelo Branco, depois de dois dias de debates sobre o turismo interno e com apelos à transferência de turistas do litoral para os territórios com menos densidade.

Marques Mendes, advogado, comentador político e Conselheiro de Estado, falou sobre o futuro do setor na palestra dedicada ao tema “Binómio: Portugal para Viver, Portugal Destino Turístico”.

Para o comentador, “o turismo é um dos ativos mais importantes para desenvolver o país” e recusou a ideia de existir “turismo a mais no país”.

“Antes turismo a mais do que turismo a menos”, sintetizou.

E recordou alguns dados estatísticos para salientar a importância do setor uma vez que o turismo representa 9% do PIB nacional, é o maior setor exportador, é responsável por mais de 10% do emprego e faz entrar no país cerca de 1 milhão de euros por hora.“Só podemos orgulhar-nos desta mudança”, frisou Marques Mendes, que identificou quatro razões prioritárias para esta mudança.

Em primeiro lugar, “reforçar a boa imagem do país no exterior”. “Portugal está associado a uma imagem de hospitalidade e de segurança que atrai visitantes”, sublinhou.

Em segundo lugar, “potenciar grandes ativos estratégicos”, destacando entre estes “o clima, a gastronomia, a História ou a cultura”, entre outros.

Para isso, é vital “apostar na qualificação dos recursos humanos”. “Não basta receber, é preciso receber bem. O turista atual é cada vez mais exigente, procura a excelência. E procura também a diversidade e a especificidade dos territórios”, considerou.

A terceira razão é “a aposta sem preconceitos na iniciativa privada”. “É essencial que o Estado não estorve, que seja amigo dos investidores. O excesso de burocracia e de carga fiscal mata o investimento”, sublinhou.

Finalmente, a quarta razão é “a aposta na imprensa internacional e no marketing digital”. “Ninguém liga à publicidade institucional, mas liga-se muito a um artigo ou reportagem sobre um destino que seja publicado na imprensa internacional. Isso atrai turismo”, referiu.

Marques Mendes recordou também que existem riscos que podem afetar a atividade turística. Nomeadamente, o risco de guerras comerciais a nível internacional, o risco de insegurança e terrorismo, o risco dos populismos, o risco das alterações climáticas ou o risco dos novos pobres e excluídos, entre outros. Acresce que, numa Europa “com uma crise de liderança”, “Portugal tem a vantagem de não ter nacionalismos nem clivagens”.

O Conselheiro de Estado concluiu a sua intervenção alertando para o facto de que “Portugal tem um grande desafio nos próximos anos: o desafio do crescimento”.


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