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11-03-2005

UGT diz que nada justifica agravamento fiscal


Aveiro

O secretário-geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), João Proença, manifestou hoje o receio de que recentes declarações do ministro das Finanças indigitado, Campos e Cunha, se destinem a preparar o aumento dos impostos.

"Não sei se foi uma declaração infeliz ou se é destinada a preparar o terreno, mas nada justifica o aumento da carga fiscal dos que cumprem as suas obrigações e a via tem de ser o combate à fraude e à fuga aos impostos", afirmou, a propósito de declarações do novo ministro à TSF no dia 05 de Março.

"A subida dos impostos é uma possibilidade, a encarar não como primeira medida mas, se necessário for, pelo menos no médio prazo, o que é provavelmente quase inevitável", afirmou na ocasião Campos e Cunha.

João Proença falava aos jornalistas à margem de um seminário que reúne em Aveiro 80 negociadores sindicais e técnicos daquela central sindical.

Segundo o líder da UGT, o objectivo do seminário "é a dinamização da negociação colectiva, que atravessa dificuldades, mas também um esforço de abordagem diferente com novas matérias, e fazer o ponto da situação actual, na perspectiva do acordo celebrado com as confederações patronais".

"Vamos procurar saber quais os bloqueamentos e como está decorrer a negociação dos grandes contratos. Já houve dezenas de contratos com renovação global, com matérias diferentes. Este encontro serve também para analisar o relacionamento entre a central e os sindicatos, com constituição de frentes negociais e uma maior coordenação no seio da UGT", explicou.

Outro dos objectivos, segundo João Proença, é fazer o ponto da situação quanto à política rendimentos: "Em 2004 houve aumentos acima da inflação e é fundamental que isso prossiga porque vai haver um aumento de produtividade de cerca de um por cento".

João Proença salientou que na negociação colectiva não é só a política de rendimentos que está em causa, mas todo um conjunto de matérias "que podem criar melhores ou piores condições aos trabalhadores, com impactos económicos e sociais", como a compatibilização com a vida familiar.

"É um instrumento fundamental para o aumento da produtividade", realçou.

O seminário que decorre em Aveiro insere-se na "linha orientadora" seguida por aquela central sindical, que em 2003 e 2004 preparou um projecto-tipo para a negociação colectiva, "num percurso de continuidade para uma negociação colectiva cada vez mais rica".

Instado a pronunciar-se sobre o novo Governo, João Proença disse que mais importante do que "serem pessoas de credibilidade e competência mais ou menos reconhecidas" é importante ver "como funcionam em equipa".

Tal como no futebol, uma equipa pode ter bons jogadores e funcionar mal. O que importa são as políticas, definidas através do programa do Governo, que têm de se preocupar com o emprego, a segurança social, a competitividade da economia e o crescimento económico", concluiu.


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