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19-03-2005

Inovação decisiva para competitividade das empresas


Indústria

A economia portuguesa só será competitiva se houver aposta na inovação e na capacidade da engenharia portuguesa, defendeu sexta-feira João Picoito, da Siemens Portugal.

A advertência foi feita durante um seminário sobre gestão da inovação na indústria, realizado na Universidade de Aveiro, no âmbito do mestrado em Gestão da Inovação e do Conhecimento.

Tratou-se de um painel, integrado nos "INOVE6 Encontros com a Inovação", destinado a perceber "as práticas que conduziram empresas de referência no país a assumirem-se, de forma distintiva, no campo da inovação".

A Siemens foi uma delas e João Picoito descreveu o percurso seguido pela empresa em Portugal desde 1997, que levou a transformar uma unidade de produção de centrais digitais, que tinha na época um bom volume de exportação, em centro de desenvolvimento de software.

"Tivemos a percepção de que a produção de centrais estava condenada, fizemos a proposta e passamos para a idade pós-industrial, baseada no conhecimento", explicou o gestor, reconhecendo que a transformação teve implicações sociais.

João Picoito salientou que Portugal é, no mercado eléctrico e da electrónica, o de menor relevância na Europa, quer pela dimensão, quer porque "a indústria transformadora nunca foi forte neste segmento".

"Deixamos também de ser competitivos em custo da mão-de-obra, face a países asiáticos como a China e a Índia", completou.

Segundo João Picoito, a Siemens percebeu-o há 10 anos e migrou dos centros de produção para centros de competência, tendo como objectivo estratégico a inovação a custo controlado.

Outro dos oradores convidados foi Alexandre Silva, da Vulcano, empresa nascida em 1977 com 10 investidores nacionais e que hoje é líder do fabrico de esquentadores na Europa, com 1.250 colaboradores e uma facturação anual de 200 milhões de euros.

Alexandre Silva procurou explicar como é que a Vulcano passou dos sete mil esquentadores produzidos no primeiro ano para os actuais 1,5 milhões, detendo 43 por cento do mercado europeu.

"Só foi possível pela investigação própria, criando funcionalidades exclusivas", afirmou.

Tendo começado com um contrato de licenciamento da Bosch, como montador de peças, a Vulcano é hoje licenciadora de sete empresas noutras partes do mundo e desde 2003 responsável pelo produto na Bosch, estando a seu cargo a concepção dos aparelhos.

A inovação foi, segundo Alexandre Silva, factor de sucesso da empresa, que criou metodologias para gerar ideias porque "a melhor maneira de ter uma boa ideia é ter muitas".

Promoveu por isso a recolha de ideias junto dos seus colaboradores, do universo Bosch, de clientes, de instaladores e de universidades e institutos, sendo os concursos e as caixas de sugestões algumas das vias.

Procurou depois agrupar competências para fazer a triagem das ideias, sendo que umas são imediatamente inseridas, outras dão lugar a projectos de investigação e desenvolvimento, sendo feita uma pré- avaliação técnica, científica e de custo.

Por esse meio lançou no mercado, na década de noventa, uma inovação em cada três anos e "como a competição está cada vez mais globalizada", desde 2000 já colocou quatro produtos novos no mercado.

A aposta do futuro, segundo Alexandre Silva, está na "reinvenção dos esquentadores", estando a empresa empenhada em procurar formas alternativas de aquecimento de água, já que o esquentador tradicional que tem sido sujeito a aperfeiçoamentos é uma invenção centenária da Junkers.


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