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21-04-2005

Comissão Política Concelhia do PSD- Breda fica e Louzado sai


Mealhada

Gonçalo Breda, presidente da Comissão Política Concelhia do PSD/Mealhada, em conferência de imprensa, realizada, na penúltima terça-feira, veio dar a conhecer a decisão do CJN (Conselho de Jurisdição Nacional) que, contrariando todos os fundamentos, anteriormente invocados pelo CJD de Aveiro do PSD, se decidiu, agora, pela total legitimidade da actual Comissão Política Concelhia. Aquele órgão nacional deu, assim, provimento ao recurso apresentado por Gonçalo Breda, anulando a decisão final do CJD de Aveiro do PSD por considerar “não subsistirem provas suficientes nem relevantes que conduzam à anulação dos actos eleitorais em questão”.

Uma decisão que causou, de imediato, uma baixa. João Louzado, autor da impugnação das eleições para a Concelhia do PSD-Mealhada, em comunicado, enviado, no mesmo dia, aos órgãos de comunicação social, deu a conhecer e justificou os motivos que o conduzem à demissão do partido.

CJD Aveiro: “inabilidade, parcialidade e evidente falta de rigor”

O Conselho de Jurisdição Nacional acaba de legitimar a actual Comissão Política local, liderada por Gonçalo Breda. Uma decisão diametralmente oposta à anteriormente tomada pelo Conselho de Jurisdição Distrital de Aveiro que, ainda em 2004, dera provimento ao pedido de impugnação, apresentado por João Louzado, que, recorde-se, em Julho de 2004, se apresentara como candidato à liderança daquela estrutura local, tendo perdido a eleição para Gonçalo Breda.

Alegando uma série de irregularidades nas eleições, João Louzado conseguiu ver as suas pretensões serem atendidas pela CJD de Aveiro o que levou a Comissão Política Concelhia do PSD/Mealhada a interpor recurso para o respectivo órgão nacional.

Agora, Gonçalo Breda não deixou de tecer duras críticas à CJD de Aveiro, mas também a João Louzado. Aliás, aquele órgão distrital e o então candidato e militante João Louzado estiveram constantemente debaixo de fogo.

Relativamente à CJD considerou ser legítimo inferir que “este órgão demonstrou inabilidade, parcialidade e evidente falta de rigor”, admitindo ainda que a “irresponsabilidade desta decisão causou uma enorme instabilidade interna e o adiamento de toda uma estratégia autárquica, há muito planeada”, enquanto que, sobre os seus delatores, acrescentou: “todos os elementos da CPC souberam resistir a todo o tipo de chantagens, calúnias e aborrecimentos, sem nunca vacilar”, sublinhando ainda que “a CPC tem vivido, desde há um ano a esta parte, um clima conturbado e de constante guerrilha que em nada serve os interesses do concelho e do partido”, acrescentando que, com tudo isto, “perdemos tempo com coisas perfeitamente evitáveis, o que me faz pensar até que ponto não poderão ter sido realizadas em benefício do Partido Socialista”. De resto, “atitudes e comportamentos deploráveis que nada mais servem senão os interesses do nosso adversário político - o PS”, disse, lamentando ainda que a estrutura que lidera “tenha sofrido uma afronta sistemática, ataques, pura e simplesmente, destituídos de quaisquer argumentos sólidos ou consistentes que são meros instrumentos de motivações pessoais, mais ou menos encapuzados”.

Entrar em velocidade de cruzeiro no combate autárquico e remeter o PS para a oposição”

Por outro lado, o líder desta concelhia laranja diria que é chegada a hora de “entrar em velocidade de cruzeiro” no combate autárquico, uma vez que as eleições são daqui a poucos meses, garantindo que “o PSD vai apresentar uma candidatura forte e de grande dinâmica, capaz de remeter o PS para a oposição”, pois, na sua opinião, “o PS está a atrasar o concelho de dia para dia”.

Relativamente ao candidato à Câmara Municipal, Gonçalo Breda avançou que a escolha da Concelhia será apresentada aos militantes, em plenário agendado para o dia 30 de Abril, e, só depois, será então apresentado publicamente à comunicação social.


”Sinto-me a mais neste partido e ferido na minha dignidade como cidadão”


Quem não se conforma com a decisão da CJN é João Louzado que, de imediato, respondeu à decisão daquele órgão nacional, comunicando aos vários órgãos de comunicação social o seu afastamento do PSD: “hoje mesmo remeto o meu cartão de militante ao presidente do partido, terminando a minha militância e actividade político/partidária”.

Segundo João Louzado, “se de Novembro de 2004 a 29 de Março de 2005 não houve sequer tempo para responder à minha pergunta, parece-me algo exagerado que, em menos de 10 dias, o CJN tenha tomado qualquer decisão. Especialmente, num período em que se preparava o Congresso do passado fim-de-semana”.

Uma decisão que lhe parece “apressada” e que, segundo ele, “poderá ser interpretada como a necessidade de “fazer crer” que a decisão já estava tomada”, questionando ainda se “os juristas de Lisboa serão melhores que os de Aveiro”, já que “parece evidente que aqui há alguma coisa e em política o que parece, normalmente é”.

João Louzado declaramesmo que “jogos de bastidores que beneficiam claramente os infractores, não são dignos de um partido que se diz respeitador das regras democráticas”.

No comunicado, acrescenta ainda que “para além deste caso, mantém-se ainda por resolver o processo de recurso à data de admissão de militantes” que, segundo João Louzado, não passa de “uma fraude clara e evidente, pois um militante admitido em 1 de Dezembro de 2003 tem o número mais baixo que os 33 admitidos alegadamente antes de si”. Também realça o facto de “estes não aparecerem em listagens oficiais do partido até Março de 2004”, além de outras alegadas irregularidades, sendo para si grave o facto da “Comissão Política Nacional ter conhecimento de tudo e nada fazer”.

No mesmo comunicado diz sentir-se “a mais neste partido do qual sou simpatizante desde os meus 12 anos e militante desde os 18 anos, partido para o qual sempre dei o meu contributo, absolutamente desinteressado no plano pessoal”.

“Ferido na minha dignidade como cidadão”, João Louzado acrescenta ainda que “honrarei o compromisso que assumi com os eleitores nas autárquicas de 2001, mantendo-me como vereador da Câmara Municipal”, contudo, acrescenta, ”não deixarei de dar o meu contributo para o desenvolvimento do meu concelho como julgo ter feito até aqui. Quando se quer, de verdade ajudar e contribuir, essa possibilidade não se esgota na política partidária”.

Catarina Cerca


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