O PS de Águeda acaba de lançar uma petição, que tem que ser subscrita por mais de quatro mil cidadãos, para que os deputados, em Plenário da Assembleia da República, apreciem eventuais soluções com vista à recuperação da Pateira de Fermentelos.

“Políticas não podem emperrar”

Os primeiros subscritores do documento - apresentado, na penúltima terça-feira, durante o fórum sob o lema que futuro para a Pateira? - foram Gil Nadais, candidato do PS à Câmara de Águeda, e o presidente da Junta de Freguesia de Fermentelos, Amílcar Lemos Dias (PSD.

A Pateira de Fermentelos, que é a maior lagoa natural da Península Ibérica, entrou em degradação rápida com a proliferação do jacinto, uma planta aquática, que, num período vegetativo, - de 15 de Março a 15 de Novembro - se pode reproduzir de forma a que dez plantas originem mais de meio milhão.

Amílcar Lemos Dias defendeu que as questões políticas não podem emperrar a resolução do problema, mas diz ser necessária “vontade política para que o processo siga”, sugerindo que esta petição seja encabeçada pelas associações aguedenses.

Amílcar Dias explicou ainda que a recuperação da Pateira é muito complexa, afirmando que “as gentes de Óis da Ribeira, Espinhel e Fermentelos baterão palmas a quem resolver o problema”. “É mais fácil substituir um secretário de Estado do que resolver o problema da Pateira”, afirma o autarca, realçando o facto de vários governantes terem por lá passado “e nada fizeram. Nada”.

“A Pateira é do Mundo”

Já Gil Nadais, autor do documento, defende que “a Pateira é do país, do mundo, e é por isso necessário sensibilizar os nossos políticos para a necessidade de uma intervenção”.

Nadais defendeu, durante o fórum, uma intervenção mecânica como forma de limpar a Pateira de Fermentelos, uma vez que não tem impacte ambiente, assim como a aquisição de equipamentos, que custarão cerca de 150 mil euros, caso seja eleito presidente da câmara.

Defendeu ainda que a intervenção na Pateira de Fermentelos tem que ser liderada pela Câmara de Águeda, numa parceria com as populações ribeirinhas, uma vez que a maior área da lagoa se distribui pelo concelho de Águeda.

No entanto, considerou de extrema importância a constituição de uma Associação de Municípios (Oliveira do Bairro, Águeda e Aveiro) para gerir a Pateira.

De resto, o sistema de limpeza mecânico da Pateira também foi defendido pela bióloga Rosa Pires, que deu a conhecer algumas mais valias que se podem extrair do jacinto, nomeadamente, rações, biogás, alimento para peixes e ainda peças de mobiliário.

Rosa Pires referiu que a planta, que é uma espécie depuradora, é utilizada de forma controlada, em alguns países, para filtrar metais das águas.

Jacintos

Os jacintos - planta aquática de rápida reprodução - continuam a proliferar, aos milhões, na Pateira de Fermentelos, criando um manto denso e extenso sobre as águas que provoca problemas de navegação e o abaixamento dos níveis de oxigénio.

O jacinto é um planta aquática que se reproduz por sementes e por rebentos. Oriundo da América do Sul, principalmente da bacia do Amazonas, foi introduzido em Portugal como planta ornamental nos anos trinta.

O processo de reprodução assexuada confere uma notável agressividade e uma só planta pode originar uma nova planta em duas semanas.