Os armazéns gerais da Câmara de Albergaria-a-Velha, onde estavam estacionadas várias viaturas, estiveram ameaçados pelas chamas e alguns funcionários municipais arriscaram a vida para pôr os carros a salvo, disse à Lusa o presidente da autarquia, João Agostinho. "Foi um milagre que permitiu que se salvassem as viaturas e ninguém ficasse ferido" disse, visivelmente emocionado, o autarca, que elogiou a coragem dos funcionários municipais que se encontravam nos armazéns gerais, localizados na estrada entre Assilhó e Alquerubim. O autarca destacou ainda "o magnífico trabalho que os bombeiros têm estado a fazer" no combate às chamas que lavram pelo concelho. De acordo com João Agostinho, o plano municipal de protecção civil foi accionado e "está toda a gente no terreno", desde bombeiros, GNR e protecção civil, a colaborar nas operações para debelar o incêndio que lavra no concelho desde a madrugada de hoje. Devido ao fogo mantém-se encerrada a A1 entre os nós de Albergaria-a-Velha e Aveiro Sul, não havendo previsão de quando possa ser reaberta, de acordo com uma informação prestada à Lusa por fonte do Destacamento de Trânsito de Aveiro da Brigada de Trânsito da GNR. Segundo a mesma fonte, os automobilistas devem tomar o IP5 e seguir pela EN109 ou pelo IC2 (antiga EN1), como alternativas. O incêndio, que neste momento se estende aos concelhos de Albergaria-a-Velha e Águeda, passou a parte urbana de Albergaria e "abre dedos (frentes) em várias direcções", estando casas em perigo em Açores, Assilhó, Frias e São Marcos, disse à Lusa o comandante dos bombeiros locais, José Bismark. Segundo José Bismark, o fogo começou com dois focos de incêndio a nascente, quase junto ao IP5 (que esteve cortado ao trânsito entre as 04:20 e as 05:45, entre os nós de Sobreiro e Talhadas). Devido ao vento "fortíssimo" de nordeste, disse a mesma fonte, o fogo desenvolveu-se na diagonal, passou a parte urbana de Albergaria- a-Velha e está agora nas imediações da A1 em várias frentes. "Só ao fim de mais de sete horas de incêndio é que fazemos uma reorganização estratégica para combater o fogo florestal, porque durante todo este tempo estivemos mobilizados a combater incêndio quase urbano", disse. "Se as pessoas respeitassem a lei que obriga a ter limpa a área de 50 metros ao redor das casas não teríamos perdido uma noite a afastar as chamas desses locais. O resultado é uma área ardida enormíssima, com centenas e centenas de hectares de floresta consumidos e o cenário complexo", comentou José Bismark. Entretanto, decorreu no centro móvel de comando e telecomunicações instalado num posto de abastecimento de combustíveis, uma reunião entre o governador civil, Filipe Neto Brandão - que superintende a protecção civil distrital -, João Agostinho, como responsável municipal, e os comandos de bombeiros e da GNR para analisar a situação. No final da reunião o governador civil disse que a situação é muito complexa "decorrente da conjugação de vários factores adversos designadamente de um vento bastante forte e localizado". Neto Brandão realçou "o altruísmo de todos os que estão a combater o incêndio" considerando que "só assim se entende que apesar da magnitude do incêndio não haja danos pessoais assim como materiais". Disse ainda que assim que forem eliminados os riscos nos núcleos populacionais os meios avançam para a mancha florestal. Relativamente ao piquete de bombeiros que se encontrava no local onde começou o incêndio, o governador referiu que "foi impotente para centralizar as chamas devido ao forte vento localizado". Além de 22 corporações de bombeiros com 250 homens e 43 viaturas, estão envolvidos no combate às chamas três helicópteros, um deles habitualmente estacionado em Albergaria-a-Velha e os outros dois provenientes de Vale de Cambra e de Santa Comba Dão, assim como dois aviões Dromaders. São ainda aguardados reforços de meios terrestres, nomeadamente de um pelotão militar e o grupo de reforço de Coimbra. |