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28-07-2005

Escassez de pessoal para "controlar" a zona serrana


Apenas uma brigada florestal (móvel) vigia a floresta

Apenas uma brigada florestal autárquica está a efectuar a vigilância das zonas florestais do concelho de Anadia, que possui aproximadamente 22 mil hectares, 12 mil dos quais correspondentes a área florestal (sobretudo eucalipto, pinheiro bravo e acácia). A vigilância (móvel motorizada), tutelada pela Câmara Municipal de Anadia, foi iniciada no passado dia 13 e incide especialmente nas freguesias serranas de Avelãs de Cima, Moita e Vila Nova de Monsarros, e é o resultado de uma candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Anadia. “Um complemento” “Embora tenhamos solicitado duas equipas, apenas nos foi atribuída uma”, referiu o edil anadiense Litério Marques dizendo compreender a situação, face “às dificuldades que o país atravessa”, admitindo ainda que “tudo o que for feito, e por mais que se faça, sempre que alguma coisa corre mal, acaba por se concluir que o que falhou foi precisamente a vigilância e a prevenção”. A JB Dias Coimbra, comandante dos bombeiros anadienses, avançou também que “a vigilância incide nas áreas consideradas de maior risco”, contudo, admite que a brigada no terreno (duas pessoas) “é insuficiente”, sendo, portanto, considerada apenas mais “um complemento” à estrutura montada. Esta brigada é efectivamente compostas por duas pessoas que, diariamente, até 30 de Setembro, de mota ou carro, vão percorrer muitas dezenas de quilómetros, através de itinerários florestais, sendo a sua função importante, já que, no caso do concelho anadiense, “existe um grau de risco bastante elevado”, explicou Dias Coimbra, avançando ainda “tratar-se de uma equipa com a função de vigiar a floresta, já que não combate directamente os fogos. No caso de detectar alguma coluna de fumo, entra, de imediato, em contacto com os bombeiros voluntários que entram em acção”. Dias Coimbra recorda ainda que “relativamente aos incêndios, a responsabilidade da vigilância cabe aos proprietários e populações que têm de ter esquemas de auto-defesa”, já que aos bombeiros cabe apenas a tarefa de apoiar, alertando ainda para o problema que constituem os inúmeros terrenos abandonados, carregados de “caruma” que, hoje em dias, as pessoas já não recolhem e que, em ano de seca extrema, funciona em caso de incêndio, como “rastilho”. Contudo, reconhece que grande parte da mata está limpa até porque muitas populações vivem dos recursos florestais, daí preocuparem-se em manter as matas limpas, assim como os respectivos acessos. Grande esforço da autarquia e da população Esta brigada é o resultado de uma candidatura, apresentada pela Câmara Municipal de Anadia ao programa de Apoio à Vigilância Móvel nos espaços rurais. A JB Litério Marques não deixou de sublinhar o esforço realizado pela Câmara Municipal que “tem investido muitos milhares de euros na abertura e reabilitação de estradões florestais”. Um trabalho, diria “realizado em parceria com as Juntas de Freguesia e Bombeiros Voluntários, mas, que não conta com a colaboração do Estado, este mais preocupado em cobrar multas elevadas aos proprietários por replantarem uns míseros eucaliptos”. Para o edil anadiense, “o Estado está habituado a viver à custa destes pequenos proprietários e parece preferir continuar assim do que em investir numa política séria de ordenamento do território e da floresta”, acrescentando reconhecer ainda os cuidados e brio das gentes serranas que, dia e noite, de uma forma unida, vão vigiando a floresta: “pessoas que deixam a família e o sossego do lar para cuidar e proteger a mata”, referindo também que “nas zonas mais críticas existem viaturas com atrelados com água prontos a intervir e pessoas com experiência e algum equipamento - Kits rádio e contacto móvel, num investimento conjunto com as autarquias locais.” Actividade terrorista e grande dose de falta de civismo Neste momento, o maior auxílio na vigilância florestal do concelho vem apenas de um posto fixo de vigilância, sediado no Moinho do Pisco. Para o comandante dos Voluntários de Anadia, “não restam dúvidas que os casos mais frequentes estão associados a foguetes que se atiram nas festas populares, às queimadas e aos churrascos”. Relativamente à criminalidade, associada aos fogos florestais, Dias Coimbra defendeu que “a actividade terrorista” é uma realidade que assola o país, patente não só no elevado número de detenções, feitas pela Polícia Judiciária, como também é difícil justificar a razão por que no concelho “os fogos começam entre as 2 e as 4 horas da madrugada”, não esquecendo os casos de negligência, descuido, facilitismo e irresponsabilidade das pessoas. Meios disponíveis Neste momento, a corporação anadiense possui dois grupos de combate e os planos de intervenção mediante os tais cenários previstos, não só para defesa das populações como também de combate aos fogos florestais. No quartel e prontos para qualquer eventualidades, estão dois VFCI — veículo florestal de combate a incêndio florestal - com capacidade na ordem dos 2 mil litros cada; dois VLCI — veículos ligeiros de combate a incêndio florestal - com capacidade para 500 litros cada. Para cada grupo de combate, para além dos carros de combate ligeiro e pesado, existe ainda o apoio com água VTTU — viatura apoio táctico - uma com capacidade para 12 e outra para 16 mil litros de água que são abastecidas por um VTGC - veículo táctico de grande capacidade - com capacidade para 24 mil litros de água. Ajuda da população é fundamental Na opinião de Dias Coimbra, “a população deve proceder à vigilância contínua e conseguir obter reservatórios de água e linhas de mangueira por forma a intervir imediatamente quando o fogo surge junto das populações”, uma vez que nas zonas serranas do concelho, “os pontos de água existentes são fundamentalmente para abastecimento dos meios aéreos”, acrescentando que o ideal seria a existência de mais pontos de água, nomeadamente na zona de Avelãs de Cima — Ferreirinhos, Corgos e Pardieiro. Quanto à onda de incêndios que tem assolado o país, de norte a sul, Dias Coimbra explica que os casos mais graves onde estiveram até ao momento foi nos fogos de Albergaria e Mortágua, de grande extensão e rápida propagação. “Movimentações terroristas que economicamente causam enorme prejuízo ao país”, diria, acrescentando também, “mas também grave em termos sociais, porque as pessoas que vivem da floresta têm cada vez menos recursos. Pessoas que toda a vida trabalharam na floresta para terem alguma coisa de seu, ficam, de um momento para o outro, na mais completa miséria, sem rigorosamente nada”. Anadia Pertence à zona operacional nº 2 de Aveiro que é constituída pelos corpos de bombeiros Pampilhosa, Mealhada, Anadia, Oliveira do Bairro, Albergaria, Águeda e Sever do Vouga. Os meios aéreos disponíveis estão sediados no CNA de Abergaria e Vale de Cambra que respondem ao sector operacional de Aveiro. Toda a zona sul do distrito de Aveiro está a uma distância superior a um raio de 80 quilómetros do CNA de Albergaria, logo, nalgumas situações tem de ser accionado o apoio de Lousã ou de Santa Comba Dão. Inquérito - Presidentes das Juntas de Freguesia Que plano e equipamento possuem para auto-defesa? Junta de Freguesia de Avelãs de Cima Armando Pereira Junta de Freguesia da Moita António Guilherme Andrade Junta de Freguesia de Vila Nova de Monsarros António Manuel Duarte Em caso de incêndios Aldeias serranas em risco Corgo, Pardieiro, Mata de Cima, Mata de Baixo, Ferreirinhos, Saide, Saidinho, Escoural, Fontemanha, Parada.

Catarina Cerca


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