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16-09-2005

Dois terços dos desempregados são mulheres


Aveiro

Dois terços dos desempregados de Aveiro, o quinto distrito com maior desemprego do país, são mulheres, a maioria das quais com idades entre os 21 e os 30 anos, revela um estudo do Movimento Democrático das Mulheres (MDM).

O estudo foi realizado no âmbito do projecto Empreender Novos Caminhos para a Igualdade (ENCI) e teve como objectivo contribuir para uma melhor compreensão e reconhecimento da situação pessoal e familiar das mulheres desempregadas no distrito de Aveiro.

O distrito de Aveiro registava, em Junho de 2005, 18.797 mulheres desempregadas, o que representava 60 por cento do total dos desempregados, adianta o estudo divulgado hoje no seminário do encerramento do projecto ENCI.

O conjunto das desempregadas integra mulheres de todas as idades, mas cerca de 40 por cento têm entre 21 e 30 anos e 25 por cento têm entre 41 e 55 anos, refere o estudo, sublinhando ainda que 80 por cento das inquiridas não estava na altura do inquérito a receber subsídio de desemprego.

Estes dois grupos etários apresentam expectativas perante o trabalho diferenciadas quanto aos níveis de escolaridade e percursos profissionais.

O grupo etário dos 41 aos 55 anos parece ser o mais fragilizado perante o mercado de trabalho: muito jovem para a reforma, com baixos níveis de escolaridade e maior dificuldade de reconversão.

A maior parte das entrevistadas afirma que o desemprego tem consequências sobre a sua família, com especial peso nas mulheres casadas e com filhos.

Além de Aveiro, o projecto ENCI também decorreu em Évora, onde em Fevereiro do ano passado existiam 6.439 desempregados, num total de 25.776 da região do Alentejo, sendo a maioria mulheres e jovens até aos 25 anos.

No distrito de Évora, as principais entidades empregadoras são as autarquias, que dificilmente conseguem dar resposta à crescente procura.

"Temos consciência da importância de estar perto dos reais problemas das trabalhadoras, acompanhando-as nas suas dificuldades e percebendo quais as melhores formas de intervenção junto das mesmas, sensibilizando-as para questões concretas e também para a existência do projecto", adiantou à Agência Lusa Dina Teles, coordenadora nacional do projecto.

Segundo o estudo, aconteceram situações gravíssimas em Évora relacionados com despedimentos em empresas com larga maioria de mão-de- obra feminina, "o que representa uma catástrofe em termos sociais", numa "região do país pouco industrializada e com pouca oferta de emprego".

Relativamente à situação laboral feminina, o tipo de mão-de- obra podia caracterizar-se como intensiva, mal paga, com vínculos laborais precários, existindo múltiplos constrangimentos quanto ao conhecimento e exercício de direitos, bem como as grandes dificuldades de acesso a lugares de chefia.

Segundo Dina Teles, o desemprego feminino traz muitas consequências negativas para a vida das mulheres, nomeadamente a nível financeiro, a incapacidade de encontrar um novo emprego, a desestruturação familiar e a violência doméstica, que muitas vezes ocorre quando as famílias ficam financeiramente mais fragilizadas.

"É neste contexto que este projecto surge para abrir novos horizontes às mulheres que estão desempregadas e também às entidades locais, governamentais de maneira a que toda a gente se envolva nesta problemática", acrescentou.

Para inverter esta situação, Dina Teles defende que se deve apostar numa formação profissional séria e estimulante para as mulheres, não bastando frequentar cursos de formação para posteriormente se ganhar o salário mínimo, ter horários de trabalhos desfasados da vida familiar ou não poder aspirar a um posto de trabalho efectivo.


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