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25-09-2005

Manuel Alegre diz que se candidata para derrotar Cavaco Silva


Presidenciais

O deputado e militante socialista Manuel Alegre, 69 anos, anunciou hoje a sua candidatura às eleições presidenciais em Portugal, que vão realizar-se em Janeiro de 2006.

"Conto estar aqui em Janeiro como candidato presidencial para derrotar Cavaco Silva", disse Manuel Alegre numa intervenção durante a apresentação dos candidatos do PS à Câmara Municipal de Águeda.

Com o anúncio da candidatura de Manuel Alegre eleva-se já a quatro o número de candidatos saídos da esquerda portuguesa: Mário Soares, ex-presidente da República e novamente candidato ao cargo apoiado pelo PS, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP e Francisco Louça, dirigente do Bloco de Esquerda.

O ex-primeiro-ministro e líder do PSD Cavaco Silva, apontado em todas as sondagens como o principal candidato à vitória naquelas eleições, anunciará a sua decisão de se candidatar ou não às presidenciais depois das autárquicas do próximo dia 09 de Outubro.


Manuel Alegre - perfil O deputado e poeta Manuel Alegre, que hoje anunciou a sua candidatura às eleições presidenciais de Janeiro de 2006, nasceu em Águeda a 12 de Maio de 1936, filho de uma família da média burguesia, de origem aristocrata.

É o próprio quem confessa a influência na sua formação da "casa antiga, da escola primária e dos primeiros amigos".

No seu percurso, o deputado socialista reconhece também a importância dos estudos no Liceu Alexandre Herculano, no Porto, da pleuresia que o "ensimesmou" e o encaminhou para as letras e dos professores Malpique e Cobeira - este último que prefaciou e é personagem do livro ("O Homem do País Azul") que lhe abriu as portas da literatura.

Estudante universitário em Coimbra, admitiu vir a ser advogado, mas a luta académica e a festa meteram-se de permeio.

Foi o fado, a boémia, o teatro através da fundação do CITAC - Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra - e do TEUC - Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra -, as serenatas e a contestação que acabaram por ter, nessa altura, a primazia na vida de Manuel Alegre.

Data da época coimbrã o seu célebre livro "Praça da Canção", cujos poemas foram musicados e cantados por Adriano Correia de Oliveira, Manuel Freire, Zeca Afonso, Amália Rodrigues e tantos outros, passando a canções panfletárias de revolta e contestação, como "Nambuangongo meu amor" e "Trova do vento que passa".

Serviço militar, mobilização para Angola, prisão, residência fixa, luta política, clandestinidade e exílio, tudo isso somou na sua vida.

A seguir ao exílio em Paris seguiram-se 10 anos na Argélia, onde nasceu um dos seus três filhos e onde foi o principal animador e locutor da rádio "Voz da Liberdade".

Manuel Alegre, chegado a 2 de Maio de 1974 a Portugal, começou por fundar os "Centros Populares 25 de Abril" e acabou por aderir ainda nesse ano ao PS.

Em 25 de Novembro de 1975 fez a ponte entre o PS e o "Grupo dos Nove" e, em 1976, estabeleceu o primeiro contacto com o general Ramalho Eanes para que este fosse candidato presidencial.

Deputado, desde a Constituinte, pelo grupo parlamentar socialista, desempenhou as funções de Secretário de Estado da Comunicação Social no I Governo Constitucional de que foi porta-voz, tendo sido eleito em Outubro de 1995 vice-presidente da Assembleia da República.

"A minha arma é a escrita" - frase sua plenamente justificada com a obra que produziu, da qual se distinguem "Praça da Canção","O Canto e as Armas+,"Uma Barca para +taca", "Letras", "Coisas Amar/Coisas do Mar","Nova do Achamento", "Atlântico", "Babilónia","Chegar Aqui", "Jornada de África","O homem do País Azul","Vinte poemas para Camões" e "Sonetos do Obscuro Quê".

Apoiante e amigo de Mário Soares, Manuel Alegre foi dos primeiros militantes a disponibilizar-se, logo em Julho, para a corrida presidencial, quando o PS percebeu que o ex-líder do partido António Guterres e o ex-comissário europeu António Vitorino, apontados como dois dos possíveis candidatos presidenciais socialistas, estavam indisponíveis para aquelas eleições.

Manuel Alegre, que até hoje nunca tinha anunciado formalmente a sua candidatura, acabou, entretanto, por ver o partido apoiar para a batalha presidencial Mário Soares, ex-presidente da República entre 1986/1996.

Desde que o PS manifestou o seu apoio a Mário Soares, Alegre manteve uma posição de expectativa acerca do seu futuro político imediato, chegando a afirmar, por mais de uma vez: "nunca disse que era candidato, mas também nunca disse que não o era".

Hoje, na terra que o viu nascer, acabou com todas as dúvidas:

""Conto estar aqui em Janeiro como candidato presidencial para derrotar Cavaco Silva", disse Alegre, numa intervenção durante a apresentação dos candidatos do PS à Câmara Municipal de Águeda.


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