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13-10-2005

“Era uma vez “ e “Palácio da madrugada”


Cultura

“Era uma vez” e “Palácio da madrugada” são os títulos de dois livros, da autoria de Rosinda de Oliveira, que foram lançados, no dia 5 de Outubro, no auditório da Biblioteca Municipal de Oliveira do Bairro, onde foi semeado um pouco de sonho e fantasia.

Auditório pequeno

O auditório foi pequeno para quantos quiseram assistir a esta “tarde de amor arte e magia”, como a considerou, emocionado, um dos presentes, comendador Almeida Roque. Esse facto levou a que o presidente da câmara, Acílio Gala, alvitrasse a ideia da necessidade de um outro espaço de maior dimensão, de modo a dar resposta aos eventos do género, que cada vez são mais frequentados por “gente que gosta desta arte da cultura”, como havia de afirmar o vice-presidente, Victor Oliveira, que não deixou de referir-se á frequência da biblioteca - “é um bom indicador de que os munícipes começam a interessar-se pela leitura”.

“Prosa ritmada, musical”

Foram duas as apresentadoras: Elsa Pires (“Era uma vez”) e Maria Rosa Mangerão (“Palácio da madrugada”. Dois livros diferentes na sua tessitura, o que foi afirmado por Rosinda de Oliveira: “Enquanto no “Palácio da Madrugada é a palavra que sugere e requer ilustração adequada, ao contrário, no livro “Era uma vez” são as palavras que sugerem o texto, que falam e que indicam o caminho do sonho”.

Elsa Pires falou de uma história contada com afecto às crianças e ilustrada de modo a percorrermos caminhos mágicos que estão mais nos desenhos do que no próprio texto.

Maria Rosa Mangerão declarou-se intrigada, quando Rosinda Oliveira lhe confidenciou que tinha escrito dois livros para crianças, mas não foi surpresa de todo para si que a conhecia de outros caminhos literários. Porém, questionou-se: que força a levou a iniciar este tipo de escrita, ela que escreveu que “as crianças são o futuro dos meus dias”?

Rosinda Oliveira tinha já no seu currículo imensos campos de intervenção, faltava o livro para crianças, avançava Rosa Maria Mangerão que tentou explicar, através de várias fotografias, o lado mágico da autora no olhar, no sorriso, no ler do tempo, na representação teatral.

Este livro, com “uma estrutura ficcional clássica, facilitadora da produção narrativa”, “prosa ritmada, musical”, com “saborosíssimos diálogos”, “uma sábia combinação entre descrições exuberantes, de inspiração barroca”, em síntese, “é o triunfo dos afectos sobre o caos”, afirmava Rosa Maria Mangerão: os valores humanos estão presentes, ainda que não seja “uma história construída em torno de uma moralidade”, conteúdos éticos são colocados em questão.

Alguns dos contos constantes deste livro, em número de 24, foram lidos por Maria de Jesus Silva, ficando a pairar no auditório um perfume de magia que tocou a assistência. De tal modo que comendador Almeida Roque não se conteve e expressou-se encantado, - “eu não sei calar o coração, por isso não sou um bom orador; os bons deixam falar só a inteligência” - dizendo que “esta foi uma tarde de cultura, sobretudo, uma tarde de amor”. Amor que anda arredio do mundo e por isso este mundo está sem tino, para concluir: “que bela tarde pela simplicidade, pela inteligência!” Mas avançou um pouco mais, dizendo: “é com bocados como este que se faz a história de uma terra que há-de ser, se os homens quiserem, a capital da Bairrada”.

“Interesse especial”

Acílio Gala declarou-se satisfeito pelo facto de, durante os 16 anos de presidência da câmara, ter tido a felicidade de editar uma série de livros que vieram enriquecer o património do concelho e da Bairrada, frisando que estes dois de Rosinda Oliveira têm interesse especial para as crianças que, lendo-os, têm oportunidade de aprenderem bom português e riqueza vocabular, tão arredios das nossas escolas.

Frisou, mais uma vez, que os autores publicados não têm que agradecer à câmara a edição de seus livros, mas a edilidade é que deve agradecer-lhes pelo trabalho feito em prol da cultura.

No uso da palavra, a autora, Rosinda de Oliveira que declarou ser aquele dia “um dos dias mais marcantes da minha vida”, para além de todos os óbvios agradecimentos - presidente da câmara, biblioteca, apresentadoras, autores das ilustrações, confessou também que “subir ao mundo inacessível do sonho e da magia e aí criar algo que possa entusiasmar uma criança, fazê-la sorrir e de olhos a brilhar, querer desvendar o que fica para além das palavras, das cores e das formas, é algo de tão maravilhoso e sublime que quase nada no mundo se lhe pode comparar”. Além disso, deixou um desejo: “oxalá estes dois livrinhos consigam abrir portas e janelas e mostrem os caminhos que levam a criança a sonhar para que na sua fantasia desenvolvam e fortaleçam o desejo de aprender, de conhecer com prazer e alegria, contribuindo assim para o desabrochar da sua personalidade em botão”.

Armor Pires Mota


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