Um especialista da Universidade Aveiro defendeu ontem que a maioria dos problemas detectados nas habitações portuguesas dizem respeito a humidades e avarias nas redes de água e esgotos, onde são frequentemente usados materiais que contrariam a legislação europeia. Armando Afonso, professor da Secção Autónoma de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro falava aos jornalistas à margem da inauguração da maior torre hidráulica do país, montada naquela universidade para estudo e demonstração de instalações hidráulicas prediais. Segundo aquele professor catedrático, mais de 50 por cento dos problemas detectados nas habitações diz respeito a humidades e avarias nas redes de águas e esgotos, pelo que a investigação das infra- estruturas hidráulicas é uma área importante para o país, que estava desprezada e em que a Universidade de Aveiro tem sido pioneira. O especialista diz que continuam a ser aplicados em Portugal materiais que vão contra as normas europeias, o próprio regulamento português não é respeitado e não há exigência de qualificação para os instaladores, o que tem como resultado final uma fraca qualidade das habitações. "Ao contrário do que se passa com as instalações de gás, não é exigido que os instaladores sejam qualificados neste domínio, em que temos um grande atraso. Aplicam-se materiais de durabilidade reduzida e depois ocorrem rupturas", diz. Para exemplificar, o catedrático afirma que "a maior parte dos tubos que são utilizados não estão preparados para temperaturas superiores a 30 graus, que se têm nas máquinas de lavar ou nos chuveiros", exemplificou. A torre hoje inaugurada simula um edifício de três pisos e foi oferecida à Universidade de Aveiro pelo centro de investigação da empresa suíça GEBERIT, no âmbito da cooperação estabelecida entre as duas entidades e em reconhecimento do trabalho desenvolvido neste domínio em Portugal pela Universidade de Aveiro. |