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09-11-2005

Obras avançam lentamente


Anadia - Corgo de Baixo

No Corgo de Baixo, freguesia de Avelãs de Cima, as obras de reconstrução da aldeia, reduzida a cinzas pelo incêndio de 18 de Setembro, avançam lentamente. Sete semanas após a catástrofe, que varreu do mapa a aldeia do Corgo de Baixo e para que a onda de solidariedade também não esfrie, JB visitou o local onde se começam agora a notar os primeiros sinais de reconstrução.

Recomeçar do nada

O incêndio que consumiu metade da área florestal da freguesia de Avelãs de Cima (mais de 10 mil hectares de mata - eucaliptal e pinhal) arrasou também a pequena e centenária aldeia serrana do Corgo de Baixo onde residiam 14 habitantes que ficaram apenas com a roupa que traziam no corpo.

Contudo, ainda os trabalhos de rescaldo se faziam um pouco por toda a freguesia, já se trabalhava para a sua reconstrução. Poucos dias após a tragédia havia já a promessa de donativos vários, sobretudo materiais de construção (tijolos, areia, brita, ferro, cimento, telha, madeiras, louça sanitária, azulejos, pavimentos), mas também alguns donativos monetários e em géneros, havendo ainda a garantia, por parte da Câmara Municipal de Anadia e da Junta de Freguesia de Avelãs de Cima, da reconstrução, o mais rapidamente possível, as habitações destruídas pelo fogo.

Agora, quase dois meses após a fatídica madrugada de 18 de Setembro, que naquela pequena aldeia apenas poupou a Capela de S. Lourenço, começam a notar-se os primeiros trabalhos para uma reconstrução que, para já, parece que vai ser lenta.

Contactado por JB, o engenheiro responsável pela obra, Rui Terrível, da Câmara Municipal de Anadia, explicou que, “para já, a situação habitacional daquelas pessoas foi acautelada pelo que as obras vão avançando ao ritmo possível, tendo em conta o número de pessoas a trabalhar. É evidente que se houver um reforço da mão-de-obra os prazos previstos, para a conclusão das casas, serão encurtados”.

Embora, na altura, Câmara Municipal e a Junta de Freguesia tenham metido mãos à obra, com equipas técnicas a trabalhar, quer nos projectos arquitectónicos para as três novas casas, quer no apoio social às famílias desalojadas, a verdade é que, na última segunda-feira, apenas três pessoas trabalhavam nas obras de reconstrução, sendo dois deles moradores do Corgo de Baixo e o terceiro, um empreiteiro da freguesia.

Na verdade, a nossa reportagem constatou que os trabalhos nos alicerces de duas das três moradias se encontram praticamente concluídos, estando já construídas as fundações da casa de Ovídio Rodrigues, de 63 anos. Neste momento, em curso estão os alicerces da casa de António Pereira das Neves, de 78 anos, prevendo-se que, de seguida, as obras avancem para a colocação das primeiras placas nestas duas habitações que, pouco a pouco, começam a tomar forma. Só mais tarde, depois desta primeira fase da construção das fundações e placas, os trabalhadores vão avançar para a reconstrução da casa de José Almeida, de 38 anos.

Aliás, encontrámo-lo, aquando da nossa visita, a trabalhar nas obras de reconstrução, assim como o seu cunhado que residia numa outra habitação com a esposa e duas filhas menores, localizada nas traseiras da casa de José Almeida, mas que foi poupada pelo fogo. Só a casa de José Almeida, junto à estrada, que residia com a esposa, filhos e mãe, Maria Ferreira Martins, de 73 anos, foi consumida pelas chamas.

“Se tivéssemos mais braços a ajudar, isto andava mais depressa”

Acrescente-se ainda que as obras foram iniciadas, uma semana depois da tragédia, a 26 de Setembro (segunda-feira), com a demolição do resto das habitações, por funcionários e máquinas da autarquia anadiense. E, logo surgiram os projectos para as três casas que estão a ser construídas de raiz. Trata-se de moradias tipo T2 que terão dois quartos, uma sala, cozinha, casa de banho e uma cave.

Embora na altura, Litério Marques não tenha avançado uma data para a conclusão das mesmas, JB soube, no local, que as fundações das três casas “trabalho mais complexo e moroso” poderão estar realizadas antes do Natal.

O trabalho seguinte de levantamento de paredes é, segundo os trabalhadores, “rápido e fácil”, sendo de prever que se não houver grandes contratempos, dentro de meio ano será possível avançar para outra fase da obra, os acabamentos. No entanto, à reportagem do nosso jornal, só lamentam que não apareça mão-de-obra voluntária para ajudar a uma reconstrução mais rápida: “se tivéssemos mais braços a ajudar, isto andava mais depressa”, disseram-nos no local.

Contudo, também não deixam de sublinhar que lhes tem valido uma onda de solidariedade sem precedentes. Aliás, no dia da nossa visita, perfilavam-se, à entrada do lugar, dezenas de paletes de tijolos oferecidos por um empresário, havendo outro, de Águeda que, logo após o incêndio, disponibilizou toda a telha necessária às três casas, havendo um terceiro que se disponibilizou para pintar as casas na sua totalidade.

De igual forma, Câmara Municipal e Junta de Freguesia têm-se desdobrado em contactos, junto de empreiteiros e empresários da região, para que a solidariedade e os donativos não faltem na reconstrução do Corgo de Baixo.

Catarina Cerca


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