"A `world music' parte de uma raiz tradicional, de uma língua, um país, uma religião, para criar uma música contemporânea e urbana", afirmou à agência Lusa Vasco Sacramento, director artístico do festival, para explicar o desafio do Sons em Trânsito (SET) deste ano.

No entender de Vasco Sacramento, entre os artistas do cartaz deste ano, que equilibram tradição com modernidade, estão June Tabor, "pelas canções da folk rural britânica com arranjos sofisticados", ou o cantor Mahmoud Ahmed, "etíope que canta nos dialectos locais e que admira o estilo de James Brown".

De quinta-feira a 03 de Dezembro, o Festival de Músicas do Mundo de Aveiro oferece "o mais coeso e equilibrado" cartaz de todas as quatro edições.

Além daqueles três artistas, destacam-se ainda as presenças do músico do Mali Toumani Diabaté, tocador do instrumento de corda "kora", que regressa a Portugal acompanhado pela Symmetric Orchestra, ou do cantor paquistanês Faiz Ali Faiz, considerado o herdeiro de Nusrat Fateh Ali Kahn.

O Teatro Aveirense é a casa central dos concertos do festival, mas este ano a programação cumpre um objectivo traçado em 2004 e só agora concretizado: levar literalmente os sons em trânsito a três outras localidades.

Assim, a Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, que na quinta-feira recebe o brasileiro Celso Fonseca, e os teatros municipais de Vila Real e Bragança acolhem alguns dos artistas do SET deste ano.

Vasco Sacramento acredita que há públicos para este festival fora de Aveiro, sobretudo em Bragança e Vila Real, já que a Casa das Artes de Famalicão tem vindo já a apostar em propostas alternativas.

"Vila Real e Bragança têm óptimos teatros, com uma programação contínua ao longo do ano e um público com apetência para conhecer novas músicas", afirmou o programador.

Os artistas que actuarão no Teatro Aveirense farão, assim, pequenas digressões pelas outras três localidades nortenhas, como a Armenian Navy Band, liderada pelo percussionista Arto Tunçboyacian, que se define como "avant garde folk music" e de influências jazzísticas.

A música portuguesa estará representada pelas Danças Ocultas e pelo instrumentista Vítor Gama, que dará a conhecer o projecto Pangeia, assente em pesquisas musicais e experiências a partir da construção de instrumentos, e pelas Danças Ocultas.

O quarteto de concertinas de Águeda Danças Ocultas, a cumprir uma década de carreira, está a preparar um espectáculo especial com vista à gravação de um álbum ao vivo, que contará com a participação de vários convidados, entre os quais o fadista Pedro Moutinho e o baterista Alexandre Frazão.

A par da programação musical, a organização do festival investiu na vertente pedagógica com a realização ao longo do mês de Novembro de oficinas de música para o público mais jovem e de ciclos de cinema.

A Megamúsica irá editar um CD com temas dos músicos que integram a quarta edição do Sons em Trânsito.