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22-01-2006

Estão apurados os resultados em 4091 das 4260 freguesias


Presidenciais/resultados: Cavaco Silva à frente com 50,79% dos votos às 21:30

Aníbal Cavaco Silva é o candidato mais votado nas eleições presidenciais de hoje, com 50,79 por cento dos votos, quando estão apurados os resultados em 4091 das 4260 freguesias.

É o seguinte o quadro completo dos resultados às 21:30 horas, com comparação com os dados correspondentes às mesmas freguesias na eleição de 2001, de acordo com os dados oficiais divulgados pelo Secretariado Técnico dos Assuntos para o Processo Eleitoral.


Eleição do Presidente da República
22 de Janeiro de 2006
Resultados às 21:30 horas

freguesias apuradas 4091
freguesias por apurar 169

2006 2001
inscritos 8031061 7913841
votantes 5025597 62,58% 4033083 50,96%
brancos 53225 1,06% 73338 1,82%
nulos 39650 0,79% 42295 1,05%
abstenção 3005464 37,42% 3880758 49,04%

2006 2001
candidato votos % candidato votos %
CAVACO SILVA 2505105 50,79 JORGE SAMPAIO 2177841 55,59
MANUEL ALEGRE 1021831 20,72 FERREIRA AMARAL 1358789 34,69
MÁRIO SOARES 697045 14,13 ANTONIO ABREU 202896 5,18
JERÓNIMO SOUSA 426856 8,65 FERNANDO ROSAS 116428 2,97
FRANCISCO LOUÇÄ 260364 5,28 GARCIA PEREIRA 61496 1,57
GARCIA PEREIRA 21521 0,44

Fontes:
Lusa
STAPE - Secretariado Técnico dos Assuntos para o Processo Eleitoral
ITIJ - Instituto das Tecnologias de Informação da Justiça



------------------- Perfil: Cavaco Silva, economista, 66 anos, apontado como vencedor das eleições presidenciais de hoje, foi primeiro-ministro durante dez anos (1985- 1995).

Figura austera que demonstrou pouca espontaneidade durante a campanha eleitoral, Cavaco Silva, desenvolveu uma estratégia de falar pouco, evitar polémicas e repetir à exaustão as ideias-chave da sua candidatura durante as semanas que antecederam as eleições.

Primeiro-ministro durante dez anos (1985-1995), nos primeiros anos de Portugal na Comunidade Europeia, da política de betão, das auto-estradas e das reformas, o homem que acha que "quase nada acontece por acaso" e obteve para o PSD duas maiorias absolutas afastou-se, em 1996, da ribalta.

Regressou em Outubro último para anunciar aquele que era o segredo menos bem guardado da vida política portuguesa: a sua candidatura a Presidente da República.

Aníbal Cavaco Silva nasceu em Boliqueime (Algarve) em 15 de Julho de 1939. Na escola, foi um aluno médio e aos 13 anos chumbou no terceiro ano da Escola Comercial. Como castigo, o avô obrigou-o a trabalhar de enxada na mão na horta.

Em 1964, licenciou-se em Finanças no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (ISCEF), com uma média de 16 valores.

Já casado com Maria Alves da Silva, de quem tem dois filhos (Patrícia e Bruno), Cavaco Silva cumpriu, em 1964, o serviço militar obrigatório em Moçambique, como oficial miliciano da Administração Militar.

A carreira docente é iniciada em 1966, como assistente do ISCEF, mas dois anos depois Cavaco ingressa na Universidade de York (Reino Unido), onde, em 1973, faz o doutoramento.

Regressado a Portugal, foi professor auxiliar no ISCEF (1974), professor na Universidade Católica (1975), professor extraordinário na Universidade Nova de Lisboa (1979) e Director do Gabinete de Estudos do Banco de Portugal.

A política só entra na sua vida após o 25 de Abril de 1974, aderindo logo nesse ano ao então PPD, de Sá Carneiro, de quem é um admirador.

Antes de chegar à liderança do partido, Cavaco Silva esteve no gabinete de estudos do PSD e foi ministro das Finanças do Governo de Francisco Sá Carneiro (1980-81), altura em que também foi deputado.

Com a morte de Sá Carneiro, em Dezembro de 1980, e a crise na Aliança Democrática, abandona o executivo e lidera com Eurico de Melo uma oposição a Pinto Balsemão.

Em 1985, Cavaco Silva vai ao congresso da Figueira da Foz fazer a rodagem do seu carro e ganha supreendentemente a liderança do partido na disputa com João Salgueiro.

Depois, rompe o acordo de coligação com o PS de Mário Soares - Bloco Central, para a história - iniciado pelo falecido Mota Pinto, e provoca eleições antecipadas.

Após ganhar as legislativas de 1985, com maioria relativa, Cavaco Silva forma um governo minoritário que durou cerca de dois anos.

Em 1987, o executivo cai com uma moção de censura apresentada pelo PRD no Parlamento. É então que conquista a primeira maioria absoluta do pós-25 de Abril, que repete nas legislativas de 1991.

É na fase final do seu mandato - ironicamente depois de o PSD ter apoiado a reeleição de Mário Soares para Belém - que atravessa o período mais conturbado das relações com o Presidente da República.

Para a história ficará o "conflito institucional", os vetos de Mário Soares às leis do Governo de Cavaco Silva, as "presidências abertas" ou ainda as acusações do então líder do PSD contra as "forças de bloqueio", em que o fundador do PS se incluía.

Em 1994, alimenta durante largos meses o famoso "tabu" sobre a sua hipotética recandidatura ao cargo de primeiro-ministro, que só seria quebrado muito próximo das legislativas de 1995.

Quebrado o tabu, Cavaco deixa a liderança do PSD para Fernando Nogueira e, em 1996, decide candidatar-se a Belém, mas perde para o socialista Jorge Sampaio.

De 1996 até agora, o primeiro-ministro que fez do sigilo uma regra do seu gabinete e entende que "a qualidade nunca é um acidente e que quase nada acontece por acaso" quebrou poucas vezes o silêncio para comentar a política portuguesa.

Cavaco escolheu seminários, colóquios, a par dos artigos nos jornais, para as suas intervenções.

Um artigo em especial, em Fevereiro de 2000, fica famoso: tinha como título "O Monstro", foi publicado no DN e era um alerta sobre o crescente aumento da despesa pública dos governos de António Guterres.

Em Março de 2002, numa entrevista ao El Pais, defendeu uma maioria absoluta para o PSD, então chefiado por Durão Barroso, antes das legislativas que deram a vitória ao seu ex-ministro dos Negócios Estrangeiros.

Na campanha eleitoral que terminou sexta-feira, ficou célebre a careta que fez, simulando espanto, ao ser inquirido sobre uma entrevista que na véspera o ex-líder do PSD Santana Lopes dera à televisão prevendo que uma vitória sua levaria a "sarilhos institucionais" com o Governo socialista.


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