domingo, 22 de Dezembro de 2024  04:06
PESQUISAR 
LÍNGUA  

O Portal D'Aveiro deseja-lhe Boas Festas

Publicidade Prescrição eletrónica (PEM), Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica (MCDT), Gestão de Clínicas Publicidade

Inovanet


RECEITA SUGESTÃO

Enguias de Escabeche

Enguias de Escabeche

Depois das enguias arranjadas, cortam-se as enguias em pedaços, temperam-se com sal.

Aqueça o óleo. Fritam-se ...
» ver mais receitas


NOTÍCIAS

imprimir resumo
24-02-2006

Acender o lume da poesia


Oliveira do Bairro - Três livros para resgatar palavras, ideias e memórias

Na tarde do último sábado, o salão nobre de câmara municipal de Oliveira do Bairro, foi palco de uma cerimónia pouco vulgar - o lançamento de três obras, e logo com a mesma assinatura, a de Idália Sá-Chaves, que, se já mostrara trabalhos em bela prosa, mostrou, pela primeira vez, o seu pendor para as musas, ao “acender o lume da poesia”.

“No fio do tempo”

Antes da primeira apresentação, fez as honras da casa o presidente da Câmara, Mário João Oliveira, para dizer que “a cultura está a crescer, a incrementar valores no nosso concelho”. Aliás, aqueles três livros eram “um contributo de enriquecimento, de tal modo que concluía que “o concelho fica mais rico, todos nós ficamos mais ricos”.

Falava para uma plateia que enchia de novo o Salão Nobre da Câmara - “gente de aldeia, gente de cidade”, sobretudo mais desta.

Este livro foi o primeiro a ser apresentado. Coube essa missão à escritora Clara Sacramento, que lembrou que “passam 36 anos sobre a primeira publicação (Litoral, de 14 de Fevereiro de 1970).

Trata-se de uma colheita de textos, dispersos por vários jornais, nomeadamente Jornal da Bairrada - numa afirmação de cidadania, aqui e ali, de carácter intimista. No fundo, são textos de intervenção cívica, onde surgem abertamente a cidade de Aveiro, com sal, águas, mas também de congressos e ainda o “berço bairradino”, e todos, de algum modo ou de outro, definindo uma memória e uma identidade.

Literariamente, tem um ponto comum a todas as produções - é o tempero poético que nelas se entranha. Por vezes, não se sabe onde acaba a prosa enxuta para dar lugar à poesia. Interpenetram-se docemente. Aliás, a sua disposição, a sua brevidade indiciam essa deliciosa realidade, que a ninguém passará despercebida.

Também alguns títulos se ajustam perfeitamente a esse carácter poético que sobrevoa a obra que expressa claramente “marcas de lugares”.

“Textos sobre textos”

“ A realidade está presente em qualquer prosa poética das comunicações, alimentada pela poderosa força da expressão oral que a autora imprime aos actos culturais das sessões públicas que cada momento exige” - começou por afirmar António Capão, relativamente ao livro, intitulado “Textos sobre textos”.

Ao mesmo tempo afirmava duas coisas: a qualidade da prosa e o facto dos textos se reportarem, ora à apresentação de livros, como “Banda do Troviscal - o rio da memória”, de Leocádia Pato; “Eros e Agape”, de Maria Alice Sarabando; “Em busca da Terra Santa”, de um conterrâneo, Joaquim Figueiredo Ferreira; “Os moinhos da nossa região - sua vida e decadência”, de António Capão; ora o prefácio do livro “Rosa-dos-tempos”, de João Gamboa ou Eugénio Beirão.

A tudo isto ainda acrescentou uma palestra sobre “A Mulher na obra de António de Cértima”, tema que lhe é muito caro, durante as comemorações do centenário do seu nascimento.

“É com António de Cértima que Idália Sá-Chaves se eleva a perscrutar a cultura da Bairrada, para encontrar os tipos de mulher, que o nosso escritor da Gesta, conhecedor do mundo, nos oferece nas suas obras, como um anseio místico, a sobraçar as “Bodas de Vinho” ou “Bodas Helénicas”... com toda a claridade, cor e sabor dos estonteantes eflúvios do néctar dos deuses”.

Mais afirmou António Capão sobre esta recolha: “Textos sobre textos são em si um trabalho de resgate das ideias e de apetecíveis comunicações que poderiam correr o risco de, uma vez ouvidas em tempo oportuno, ficarem esquecidas por aqui e por além, menos no cômputo jubiloso de quem as produziu e de muitos que as escutaram”.

Para concluir que “todo o conjunto é apreciável nas evocações que faz, históricas, sentimentais, artísticas ou outras, porque resgatar a ideia é não a deixar perder”.

“Acende-se um lume”

Das três obras em apreço a única que é inédita, no que toca ao seu conteúdo, é exactamente a que recolhe, em suas 120 páginas, a poesia lavrada em mais de vinte anos, a que Idália Sá-Chaves deu um sugestivo título “acende-se um lume”.

Luís Serrano, outro poeta, que apresentou a obra, afirmou a propósito: “Em Idália Sá-Chaves, percebe-se que a poesia é a sua forma de ressuscitar a memória e simultaneamente balizar a sua vida e de algum modo fazer a sua catarse”.

A autora confessava, no final, que dentro do livro, havia muita dor e gritos. Como há chão bairradino e seu mosto, como há Aveiro e retalhos de viagens, Marrocos, França. Estes locais mereceram-lhe o amor e o fogo de sua pena. Mas também outros menos cosmopolitas como “Olhos de Água”.

Um dos temas recorrentes é a casa, “enquanto símbolo de um lugar”.

Como reconheceu Luís Serrano, as palavras ave, pássaros, voo, água, rio e mar, árvore povoam e pintam as poesias que são breves, mas “onde a esperança está viva”, à mistura com algum rumor de tristeza.

Luís Serrano terminava afirmando, a propósito deste “acende-se um lume” - “é mesmo de um lume aceso, passe a redundância, que todos nós precisamos”.

Armor Pires Mota


ACESSO

» Webmail
» Definir como página inicial

Publicidade

TEMPO EM AVEIRO


Inovanet
INOVAgest ®