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03-03-2006


Investigador alerta para perigo de queimadas

O catedrático Xavier Viegas, líder de uma equipa da Universidade de Coimbra (UC) que estuda os fogos florestais, alertou, ontem, para a necessidade de "cuidados redobrados" na realização de queimadas devido ao risco de incêndio.

Xavier Viegas falava no âmbito do Curso sobre Segurança Pessoal e Comportamento de um Incêndio, que decorre hoje e sexta-feira no Departamento de Engenharia Mecânica da UC e que é coordenado por este investigador.

Prevendo um elevado risco de incêndio no próximo Verão, devido ao prolongamento da seca manifestada em anos anteriores, Domingos Xavier Viegas defendeu, em declarações à agência Lusa, que "as pessoas não se metam a fazer queimadas" sem assumirem antes "cuidados redobrados" para evitarem a propagação do fogo.

As queimadas de mato, silvas e feno, tradicionalmente realizadas nas zonas rurais, deverão ser suspensas no Verão, mas mesmo noutras épocas do ano esses trabalhos não poderão ser efectuados por apenas uma pessoa.

Salientando que as queimadas são geralmente realizadas por idosos, recomendou que estes recorram nestes casos à ajuda de vizinhos e dos bombeiros, já que a seca prolongada potencia as condições favoráveis à propagação das chamas, pondo em risco bens e vidas e humanas.

Quinze oficiais da GNR, que integram o recém-criado Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro (GIPS), participam neste curso, integrando um grupo de 70 formandos constituído também por investigadores, técnicos de autarquias e membros do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC).

"A segurança das pessoas tem a ver com o comportamento do fogo", frisou Xavier Viegas, responsável pelo Centro de Estudos sobre Incêndios Florestais (CEIF) da UC, que funciona no âmbito da Associação para o Desenvolvimento da Aerodinâmica Industrial (ADAI).

O coordenador do curso recordou que 22 pessoas, 12 das quais eram bombeiros, morreram em 2005 em consequência directa ou indirecta dos incêndios.

O curso promovido pela equipa de Xavier Viegas permite analisar "as questões relacionadas com o comportamento do fogo nas suas implicações para a segurança das pessoas".

As aulas são ministradas por docentes e investigadores do CEIF e da Universidade de Aveiro, além de especialistas da Unidade de Queimados dos Hospitais da Universidade de Coimbra.

São discutidos casos concretos de mortes registadas em Portugal e no estrangeiro, nos últimos anos.

Ao intervir na abertura do curso, o secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões, reafirmou que o Governo vai investir este ano oito milhões de euros em equipamento de protecção dos bombeiros, designadamente óculos, capacetes, botas e luvas.

Ascenso Simões disse esperar que o Plano Nacional de defesa da Floresta Contra Incêndios esteja em discussão ainda antes do final de Março, revelando que o documente conta já com os contributos da GNR e do SNBPC, cujo presidente, o major-general Arnaldo José Ribeiro da Cruz, também esteve hoje em Coimbra, na abertura daquele curso.

Segundo o governante, falta ainda o contributo da Autoridade Nacional Florestal, tutelada pelo Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas.


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