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16-06-2006

pela Universidade Valenciana CEU-Cardeal Herrera


Dom Ximenes Belo investido Doutor Honoris Causa

No passado dia 7 do corrente, teve lugar em Moncada (Valência), na Sala de Actos da Universidade Valenciana CEU - Cardeal Herrera, a Solene Investidura de Dom Ximenes Belo como doutor Honoris Cauasa.

Para assistir ao evento deslocou-se a Valência uma delegação, composta por algumas dezenas de pessoas, em representação de autarquias da Bairrada, amigos e admiradores do homenageado.

A cerimónia iniciou-se com o desfile dos Doutores da Universidade Valenciana, que, com os seus trajes coloridos, ocuparam uma das alas da Sala de Actos, enquanto se ouvia um tema musical, interpretado por um grupo de metais.

O Grande Chanceler abriu a sessão, invocando o Espírito Santo, sendo cantado o famoso hino gregoriano Veni Creator Spiritus por um coro universitário.

Seguidamente, foram investidos os novos doutores pela Universidade Valenciana CEU - Cardeal Herrera. Concluída esta investidura, o Grande Chanceler convidou o Professor Doutor D. Miguel Ors Montenegro, na qualidade de padrinho, a acompanhar D. Ximenes Belo, e, introduzi-lo na Sala de Actos, o que aconteceu, mais uma vez ao som de música instrumental.

O Professor Doutor D. Miguel Ors Montenegro proferiu então o Laudatio - o elogio do novo Doutor Honoris Causa, traçando a sua biografia em estreita conexão com a história recente de Timor e os sofrimentos do seu povo. Neste contexto, mencionou a violência dos métodos da colonização portuguesa, evocando o “chicote e a palmatória” e provocando com isso um evidente mal-estar nos numerosos portugueses presentes.

Pelo Magnífico Reitor foram entregues o título e impostos os símbolos que acompanham o grau de Doutor, a que se seguiu o juramento.

D. Ximenes Belo fez então uma importante intervenção, sustentando a necessidade de uma intensa pedagogia da paz para um povo que, de há muito, só conhece a guerra e a violência. Por isso, defende a “educação das mentes e dos corações para a reconciliação e o perdão”.

Falando do seu País, como o mais pobre da Ásia, apelou à ajuda da Comunidade Internacional e da Espanha, em particular.

O discurso de D. Ximenes Belo foi longamente aplaudido de pé pela assistência.

Coube ao Grande Chanceler fazer o último discurso da Sessão, de alguma forma reparando o mau efeito causado pelas palavras do padrinho de D. Ximenes. Disse, em substância, que espanhóis e portugueses tiveram um papel fundamental na aproximação a outros povos. Que, naturalmente, houve zonas de sombra e claridade da colonização dos dois países, sendo que, em sua opinião, as de claridade sobrelevam indubitavelmente.

Concluídos os discursos, a Sessão foi encerrada ao som do hino académico Gaudeamus.

O convívio que se seguiu nos Jardins da Universidade foi uma oportunidade mais para contactar D. Ximenes Belo, que por todos era requisitado para troca de impressões sobre Timor e para fotografias como a que o juntou aos representantes de Oliveira do Bairro.


D. Ximenes Belo foi também muito requisitado pela Imprensa espanhola. Na entrevista que concedeu ao diário Levante, responde à questão da origem do conflito que eclodiu recentemente em Timor, dizendo: “ Existe insatisfação e a população necessita de mais atenção. O Governo deveria fazer um exame de consciência. Há pobreza, fome e impaciência entre os mais jovens”.


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