O pediatra Mário Cordeiro é um dos especialistas que defende a protecção dos olhos das crianças com óculos de sol devido ao aumento do índice destes raios.

A radiação ultravioleta faz parte da luz solar que atinge a terra, send o essencial para a preservação do calor e a própria vida, mas devido ao "buraco do ozono", os humanos estão hoje mais expostos aos efeitos maléficos destes raios que podem causar queimaduras, nomeadamente na visão e pele.

Em declarações à agência Lusa, Mário Cordeiro defendeu que as crianças devem usar óculos de sol desde bebés para proteger os olhos dos efeitos prejudiciais do sol, nomeadamente da luz que pode danificar a visão, que só fica definitiva na adolescência.

Na última década, a camada de ozono tem sido cada vez mais enfraquecida devido à poluição industrial e dos automóveis, o que tem aumentado a exposição dos seres vivos aos raios ultravioletas.

A Agência Espacial Europeia estima que o buraco na camada de ozono equivale ao tamanho de toda a Europa (10 milhões de quilómetros quadrados).

Mário Cordeiro defendeu que os malefícios das alterações climatéricas têm sido acompanhados por um "melhor conhecimento" dos riscos da exposição aos ra ios ultravioletas, um dos principais factores ambientais responsáveis pelo desen volvimento do cancro de pele e de problemas de visão.

Apesar de esta associação dos raios ultravioletas ao cancro da pele ter "obrigado" os pais a proteger a pele das crianças do sol, o mesmo já não aconte ce quando se fala da visão.

O pediatra considera que pais, educadores e pediatras devem direccionar o esforço de protecção dos efeitos prejudiciais do sol também para a visão.

A Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) tem mesmo feito alertas ao público a explicar que "as radiações associadas aos raios ultravioleta (UV), qu ando negligenciadas, podem prejudicar gravemente a visão".

Esta organização lembra que o olho é o órgão, a seguir à pele, "mais su sceptível de sofrer danos devido à exposição às radiações ultravioletas".

Estes raios podem afectar as três principais estruturas do olho: a córn ea, a retina e o cristalino.

Segundo um documento da SPO sobre a exposição ocular aos UV, esta radiação "é altamente prejudicial, pois conduz à destruição parcial ou total dos foto receptores da retina, provoca queimaduras oculares na pálpebra, aumenta o risco de desenvolver cataratas e um maior risco de degenerações maculares relacionada s com a idade".

"Estes riscos estão associados ao período de tempo que cada indivíduo p asse no exterior, em actividades ao ar livre, principalmente durante a adolescência e juventude", alerta a SPO.

Os oftalmologistas recomendam "o uso frequente de óculos de sol" pois a ssociam-no a "um decréscimo de 40 por cento do risco de desenvolver cataratas".

Trata-se de "uma forma fácil e importante de prevenir outras doenças oculares", refere a SPO naquele documento.

Os raios UV merecem também a atenção do Instituto de Meteorologia (IM), que disponibiliza no seu site, há cerca de um ano, informação diária sobre esta radiação.

Tal como faz a previsão do tempo, o IM actualiza e prevê diariamente o Índice Ultravioleta (IUV) e aconselha medidas de protecção.

Este índice - com as classificações ascendentes de baixo (menor ou igua l a dois), moderado (três a cinco), alto (seis a sete), muito alto (oito a dez) e extremo perigo (igual ou maior que onze) - recomenda o uso de óculos de sol a partir do risco moderado.

Hoje, de acordo com o IM, o risco é extremo (11) na Madeira e os especi alistas aconselham neste caso que as pessoas evitem a exposição ao sol.

Em Portugal continental e no arquipélago dos Açores o IUV varia hoje en tre oito e 10 (muito alto) e neste caso o IM recomenda a utilização de óculos de sol com protecção ultravioleta, o uso de chapéu, camisolas e protector solar.