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23-08-2006

O corpo foi encontrado num armazém de artigos eléctricos em Mamodeiro


Oiã - Pai de jovem assassinada farto de esperar pela justiça

"Mataram a minha filha e até ao dia de hoje o culpado ainda anda a monte. Têm sido três anos de sofrimento e de uma grande angústia. No último ano, fomos, literalmente, esquecidos pela Justiça, que neste país não funciona".

Este é o desabafo de José Pereira, pai de Paula Alexandrino, uma jovem de 23 anos, de Oiã, que foi encontrada morta nas instalações de uma empresa de artigos eléctricos, no dia 12 de Agosto de 2003, em Mamodeiro, atingida com cinco tiros de pistola disparados à queima roupa.

“Não acredito em crimes perfeitos”

"Continuamos à espera do resultado da investigação. Há mais de um ano que não recebo nenhuma notícia da PJ. Até acredito que o processo da minha filha esteja esquecido numa prateleira", diz José Pereira, de 63 anos, para quem saber quem matou a sua filha "é a única forma de acalmar a angústia em que toda a família vive".

O pai da jovem acrescenta ainda que, durante dois anos, andou a correr para a PJ de Aveiro e que só o deixou de fazer quando lhe foi comunicado que "não havia mais nada a fazer". "Os inspectores disseram-me que humanamente foi feito tudo o que era possível", acrescenta.

José Pereira não acredita em crimes perfeitos, mas está convencido de que este terá sido "encomendado" e "muito bem executado". "Lembra-se do crime de Sá Carneiro? Pois, até hoje, não há culpados. Aqui o caso parece ser o mesmo. Tenho a impressão que os anos vão continuar a passar e nunca mais saberei quem tirou a vida à minha filha".

“Disparos a curta distância”

Recorde-se que Paula Alexandrino foi encontrada na casa de banho da empresa onde trabalhava pela irmã e por um tio, que, no regresso de Aveiro, perto do meio-dia, estranharam o facto do armazém estar fechado.

O crime terá sido perpetrado, entre as 9 horas e as 10 horas, numa altura em que a jovem se encontrava no interior das instalações e estas permaneciam com o portão do estacionamento fechado.

Os disparos foram efectuados a curta distância e o assassino terá utilizado uma pistola de calibre 6,35 milímetros, que atingiu a vítima no peito e cabeça.

Nesse trágico dia apenas dois objectos desapareceram da carteira de Paula Alexandrino: o cartão Multibanco e ainda o comando do portão principal da empresa onde trabalhava, o que terá permitido ao autor do crime, após o homicídio, sair e fechar os portões como forma de atrasar a descoberta do corpo.

“Contornos difíceis”

A PJcontinua a investigar os autores de um crime de contornos difíceis de solucionar, sendo certo que o alegado assassino terá, horas depois, usado o cartão multibanco da jovem para efectuar um levantamento monetário em São Bernardo, Aveiro.

O tio disse, na altura ao JB que já não almoçou descansado e que resolveu passar na empresa, por volta das 14 horas, já com uma escada para saltar a vedação. Foi aí que a irmã mais nova a encontrou cheia de sangue e tombada sobre o bidé.

Semanas mais tarde, a PJ obteve várias fotografias captadas pela câmara de uma caixa Multibanco, onde o assassino levantou dinheiro com o cartão da vítima. As fotografias não eram nítidas e foram enviadas para um laboratório especializado na reconstrução de imagens, acabando por revelar a imagem de um homem de estatura média, em mangas de camisa, mas até hoje, ninguém o conseguiu identificar.

Apesar dos vários contactos efectuados JB não conseguiu obter uma reacção da PJ.


Pedro Fontes da Costa
pedro@jb.pt


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