Em conferência de imprensa, João Terrível admitiu que, por força das negociações com a tutela, o Ministério da Saúde, a solução a que se chegou irá melhorar o nível de resposta aos utentes, permitindo transitar mais horas dos profissionais de saúde para o serviço de ambulatório.

"A designação muda, pois deixa de ser o SAP para passar a ser a consulta aberta, mas o número de profissionais e o tipo de desempenho é idêntico", garantiu o responsável, revelando que será feita a triagem dos casos que devem ir à consulta aberta, aguardar por consulta no médico de família ou ser encaminhados para a Urgência do Hospital.

Questionado se o encerramento do SAP de Aveiro não será apenas uma troca de nomes, uma vez que é substituído pela consulta aberta, o director do Centro de Saúde conclui que não.

"Há uma filosofia que muda. O atendimento vai ser monitorizado para adequar o número de profissionais a ele afectos ao número de utentes e vai ser feita a sensibilização da população para recorrer mais ao seu médico de família e menos ao serviço complementar", disse.

Quando a direcção do Centro de Saúde foi confrontada, em Junho, com a orientação para o encerramento do SAP, várias forças políticas criticaram a decisão.

O director do Centro convocou na altura os profissionais e ouviu a comissão consultiva de saúde sobre a questão, sendo apontada uma alternativa consensual.

O documento saído desses encontros procurava rever o funcionamento do SAP e adequá-lo à reforma dos cuidados de saúde primários, propondo que o SAP se mantivesse, mas aberto de segunda a sexta-feira, entre as 08:00 e as 20:00 e ao sábado, entre as 09:00 e as 13:00, para cuidados de enfermagem programados.

Entre as preocupações manifestadas estava o atendimento a um elevado número de utentes esporádicos, explicado em larga medida pela população universitária, que mantém o médico de família nas suas zonas de origem e recorria ao SAP de Aveiro durante o período escolar.

Das negociações com a tutela resultou a deliberação da Administração Regional de Saúde (ARS) que determina o encerramento do SAP, mas assegura o funcionamento das consultas no Centro de Saúde, incluindo a consulta aberta, durante a semana entre as 08:00 e as 20:00 e ao sábado, das 09:00 às 13:00, com a presença de médicos.

Num quadro em que se perspectiva a criação de três unidades de saúde familiares, sendo uma em Aveiro nas instalações do próprio centro de saúde, outra em Aradas e outra em Santa Joana, João Terrível reconhece que o panorama será diferente, porque alguns dos actuais utentes do Centro passarão para as novas unidades.

No entanto, o responsável pelo Centro de Saúde de Aveiro não deixa de sublinhar que "o atendimento complementar tem de existir" devido aos mais de 19 mil utentes esporádicos, número com "tendência para crescer".

"A população esporádica, só por si, daria para organizar um centro de saúde com cerca de 20 mil utentes, pelo que a consulta aberta terá de ser mantida", afirmou João Terrível, lembrando ainda que o movimento verificado pelo SAP de Aveiro equivale a 40 por cento do movimento da Urgência do Hospital Infante D. Pedro, para onde passam a ser encaminhadas as situações de emergência.