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14-09-2006


Caçadores rejeitam ficar à margem da gestão da Ria de Aveiro

Associações de caça de Aveiro acusaram a Câmara de as marginalizar na discussão sobre a gestão da Ria, actualmente em debate, e queixam-se de falta de fiscalização à caça furtiva, assuntos que irão debater sábado.

Em declarações à Lusa, o presidente do Clube de Caça e Pesca Aveiro/Vouga, João Lemos, acusou a Câmara de Aveiro de ter "ignorado" as associações de caçadores da zona lagunar e do Baixo Vouga na organização das "I Jornadas da Ria", que decorrem desde sábado e até Outubro, no âmbito das quais a gestão da laguna já foi abordada.

A Câmara de Aveiro, presidida por Élio Maia (PSD-CDS/PP), rejeitou as críticas das associações.

A gestão da Ria de Aveiro tem estado em discussão desde que deixou de ser da competência da administração portuária e passou para o Ministério do Ambiente, sendo há muito reclamada a criação efectiva de uma estrutura integrada para gerir a Ria, sob liderança local.

Considerando-se marginalizadas da discussão sobre a gestão da Ria, as 11 associações de caça existentes na Ria de Aveiro e no Baixo Vouga vão debater uma tomada de posição conjunta, num encontro convocado para sábado, na antiga lota de Aveiro.

"Não devemos ser arredados dessa decisão (a de quem vai gerir a Ria) porque já estamos a gerir a parte da caça da Ria e não estamos a ser consultados, pelo que esse é o objectivo principal do encontro", disse à Lusa João Lemos, presidente do Clube de Caça e Pesca Aveiro/Vouga.

Na opinião do responsável, "a discussão não está sequer a ter em linha de conta o grande potencial turístico que a caça representa".

Sublinhando que "as 11 associações de caça existentes na Ria de Aveiro e no Baixo Vouga, por portaria publicada no Diário da República, são já entidades gestoras de milhares de hectares de terrenos com aptidão cinegética", João Lemos considera que "só por lapso ou ignorância premeditada" os representantes associativos dos caçadores foram deixados à margem das "Jornadas da Ria".

Contactada pela Lusa, fonte do gabinete de imprensa do município de Aveiro garantiu que "por parte da Câmara não há a mínima ideia de marginalização de agentes que trabalham ou vivem na Ria", referindo que o evento é público e que foram convidadas, nas diversas áreas das Jornadas, "pessoas que podem dar valor acrescentado ao debate".

A mesma fonte referiu ainda que no dia 23 as Jornadas terão "um grande debate político e geoestratégico, para o qual serão convidadas outras entidades ligadas à Ria de Aveiro".

Outro ponto que as associações de caçadores vão debater no encontro é o da prática de caça ilegal na zona, que consideram "uma verdadeira praga".

"As entidades que fiscalizam a caça, que são a GNR e a Direcção dos Recursos Florestais, são inoperantes para todo o espaço", afirma João Lemos.

Segundo aquele dirigente associativo, "só no concelho de Aveiro há cerca de nove mil hectares onde actuam impunemente pessoas sem ética de caçador e sem respeito pelas épocas de caça".

Na "Ilha Nova", em Vilarinho, Aveiro, nem o pequeno refúgio das aves, considerado "um santuário de patos", é respeitado pela caça ilegal, estando "constantemente a ser violado".

Só aí, a associação de caça já detectou a presença de 50 caçadores furtivos, considerando que não existe uma fiscalização eficaz.


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