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24-11-2006

Cada vez mais jovem


Banda da Mamarrosa festejou 90 anos

“A Banda Filarmónica da Mamarrosa, apesar dos 90 anos, hoje comemorados, permanece jovem e sólida a caminho do centenário“ - afirmou o presidente da direcção, Arsélio Canas, no último domingo, perante uma plateia de cerca de quatrocentas pessoas que marcaram presença no almoço-convívio, realizado, como de costume, no Salão das Obras Sociais.

“Um ano de plena actividade”

Encerrando “um ano de plena actividade”, a Banda da Mamarrosa festejou 90 anos em plena forma, ao mesmo tempo que a ABCRM fazia 28.

O evento congregou à sua volta políticos (presidente da câmara, Mário João Oliveira, que esteve acompanhado da esposa, presidente da assembleia municipal, António Manuel Dias Cardoso, vereadora da cultura, Laura Pires, presidentes da junta e da assembleia de freguesia, respectivamente Manuel Fonseca Martins e Mário Cravo), maestros de outras bandas, compositores, dirigentes de outras colectividades do género, e comissões de festas nortenhas, e não é caso para menos, pois que a Banda “tem vindo a afirmar-se, de uma forma categórica, por onde tem passado”, como salientou Arsélio Canas.

Foi este um dia cheio de memória e festa, Da parte da manhã, houve missa na Igreja matriz, por alma dos maestros, directores e músicos que se foram da pauta desta vida para outra mais longínqua e que deixaram “um grande legado” E, se não se realizou a costumada romagem ao cemitério, por causa de mau tempo, foram dispostas junto de algumas campas algumas coroas de flores.

A abrir o apetite para o almoço-convívio, que congregou cerca de quatrocentas pessoas, a Filarmónica, bem sólida e pujante aos 90 anos, realizou com todo o brilho, a primeira parte do concerto.

A segunda teve lugar, depois do estômago sossegado (não o entusiasmo) interpretando “o vampiro da Tanzânia”, as kzardas de Monti e um passo doble.

Realce para as kzardas e o clarinetista, Vasco Valente. “Foi uma coisa digna de se sentir”, disse, de certo modo emocionada, a apresentadora, Maria Flor Rocha, que acrescentou que um sentimento de emoção se transmitira no público, aliás, bem demonstrado pela enorme salva de palmas.

Momentos altos

Fruto de uma dinâmica escola de música, o presidente da direcção, Arsélio Canas, apresentou quatro reforços, jovenzinhos, mas já apaixonados pelas pautas, que são garantia da continuidade da Banda, o que “tem sempre subjacente um investimento avultado nas suas formações no fardamento e num instrumento” - lembrou este dirigente. Vestiram a farda pela primeira vez, Jessica e Nancy; e entraram ao longo do ano, a Joana e o Carlos, para quem foi pedida uma grande salva de palmas.

Por sua vez, Mário Cravo, presidente da Assembleia de freguesia entregou um novo instrumento, um bombardino, no valor de 3000 euros, oferta de um amigo da Banda que se quis manter no anonimato, e que veio satisfazer “de entre as necessidade existentes, a prioridade estabelecida”.

Arsélio Canas lembrou que “o investimento” em novos instrumentos tem sido feito de forma regular e contínua”.

Outra surpresa havia de surgir. Foi a interpretação de uma marcha de homenagem ao fundador da Banda da Mamarrosa, Jaime de Oliveira, da autoria de um elemento, Daniel Oliveira (por sinal, em dia de aniversário da avó).

Dirigiu o colega, o contramestre Pedro Pacheco. A partitura mereceu alargado elogio, consubstanciado em muitas palmas.

Por sua vez, o maestro Fernando Lopes, considerando que “não faz milagres” e que a categoria da Banda se deve aos que ensinam música e a todos os elementos, fez a entrega do ramo de flores que lhe havia sido ofertado a um jovem com muito futuro à sua frente, Vasco Valente.

“Que se apresentem”

Dia de festa, são obrigatórios os discursos ou as palavras de circunstância.

Abriu a série Arsélio Canas para dizer em resumo: “hoje é um dia especial, estamos em festa” rodeados dos amigos e “de todos aqueles que de certa forma reconhecem o trabalho que se tem vindo a fazer, os que criticam no sentido positivo e todos aqueles que reconhecem nesta grande instituição o sentido educativo e altruísta que ela desempenha na sociedade, desde sempre”.

Aproveitou para deixar um repto aos críticos: “que se apresentem para trabalhar, pois daqui a dois meses há eleições e será bom que apareçam novos projectos, novas ideias, novas pessoas”.

Abordando o que foi o ano, lembrou a participação da Banda em romarias, especialmente no norte do país, actuando com “bandas de enorme prestígio”, mas também no sul, realçando a participação no VIII Festival de Filarmónicas de Cascais.

Mas a banda foi mais além e “descobriu” os Açores, onde actuou nas festas de Santa Maria Madalena, ilha do Pico - “uma viagem para recordar em todos os aspectos”.

No dia 1 de Abril (e não é mentira?) do próximo ano virá à Mamarrosa a Filarmónica União e Progresso Madalense.

Desafios

Arsélio Canas, ao seu jeito, aproveitou para lançar dois desafios ao presidente da Câmara: “esperamos que, no próximo ano, haja um reforço nos subsídios às instituições semelhantes àquele que este ano foi dado às Instituições desportivas - um aumento de 50%”.

O edil lembrou, a propósito, que Arsélio Canas que “não se cansa de pedir ajudas”, mas reconheceu estar aquele dirigente no seu papel “provocador” e em resposta, disse: “Nós gostamos de desafios. Pode continuar a pedir. Os apoios vêm aí”, pois que “a defesa da cultura não tem preço”, mas não deixou de lembrar que não é a critica área no concelho? “e tudo precisa de dinheiro”, mas “vamos fazer um esforço, porque os jovens, que estão a crescer, merecem todos este apoio”.

Quanto ao desejo manifestado pelo presidente da direcção da ABC em Câmara realizar um festival internacional de Filarmónicas, Mário João Oliveira, retorquiu: “ cada coisa a seu tempo”. Além disso, lamentou, apesar de haver muitos salões, pelas freguesias do concelho, na sede não há um único e “essa é uma preocupação”.

Também falou o presidente da Junta de Freguesia da Mamarrosa, o médico Manuel Fonseca Martins para dizer: o dia de aniversário “é sempre um dia cheio de alegrias. Esta sala cheia mostra que a Banda está em festa? Força, sigam em frente. Parabéns”.

Armor Pires Mota


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