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14-02-2007

Uma área em que a floresta cresceu de forma espontânea


Floresta de Águeda abandonada pelo Estado

Milhões de metros quadrados de floresta estão, literalmente, abandonados em Águeda, desde o grande incêndio de 1986. Há 21 anos que a Direcção Geral dos Recursos Florestais (ex-Direcção Geral das Florestas) deixou de fazer qualquer intervenção naquela área florestal, segundo confirmaram ao Jornal da Bairrada o Comandante dos Bombeiros Voluntários de Águeda, Francisco Santos, e o vereador da Câmara Municipal de Águeda, Jorge Almeida.

“A situação é muito complicada”

Para o Comandante dos Bombeiros de Águeda, a situação “é muito complicada, com a agravante de existirem povoações, embora pequenas, naquele aglomerado florestal”.

Trata-se de uma área em que a floresta cresceu de forma espontânea, ao longo de 21 anos, deixando os bombeiros sem qualquer tipo de acessos. “Não há aceiros e o terreno, em alguns locais, tem declives muito acentuados”.

Francisco Santos refereque se trata de uma zona que envolve todo o perímetro urbano da floresta de Águeda, que, “em caso de incêndio, será muito difícil de controlar”, sublinhado que, no meio da floresta existem aldeias apenas com dois habitantes, como é o caso da povoação de Rio de Maçãs.

Para Jorge Almeida, vereador, “são exemplos muito maus que não devem ser seguidos, nem podem pôr em causa o bom trabalho que está a ser desenvolvido dentro do plano da defesa da floresta contra os incêndios”.

No entanto, diz que “apesar de justificarem a grande falta de meios, temos a consciência de que são os serviços florestais que dão o pior exemplo do que é o ordenamento e a limpeza da floresta”.

“Plano de defesa”

Da mesma opinião comunga o presidente da Junta de Freguesia do Préstimo, Dárcio Tavares, que afirmou ao JB estar bastante preocupado com a situação.

“Existe uma zona muito grande, que é gerida pelos serviços florestais, que possui os aceiros em muito mau estado, assim como os “estradões” florestais, uma vez que não é feita a sua manutenção”, referiu o autarca.

Dárcio Tavares refere ainda que “qualquer intervenção, que possa ser feita pela Junta de Freguesia nesses espaços florestais, tem que ser devidamente autorizada”.

Para contrariar todo este espírito, a Câmara Municipal de Águeda está a implementar um plano de defesa da floresta contra incêndios, tendo feito diversas acções de silvicultura preventiva, consistindo na limpeza de matos, desramações e correcções de densidades excessivas, numa faixa de 100 metros envolvente às edificações, permitindo, desta forma, a criação de descontinuidades da carga combustível, o que possibilita uma maior segurança dos residentes nessas aldeias.

A Câmaraestabeleceu como prioridade a salvaguarda das habitações inseridas nas áreas florestais de risco elevado, nas quais foram já intervencionados 35 hectares de aldeias serranas das freguesias de Macieira de Alcôba, Préstimo e Agadão.

Para este ano, estão programadas acções semelhantes em cerca de 300 hectares de floresta, assim como a abertura de mais quilómetros de caminhos florestais estratégicos e o alargamento de 18 quilómetros de caminhos florestais.

Além da silvicultura preventiva e da rede viária florestal, pretende-se uma melhoria da rede de pontos de água que é fundamental na primeira intervenção e combate de incêndios.

No sentido de optimizar os recursos humanos, a autarquia está de momento a pensar num programa de voluntariado para a floresta com funcionários da autarquia.

Caixa

Entretanto, a Câmara de Águeda apresentou, na última quinta-feira, uma viatura de todo o terreno equipada com um kit de combate a incêndios florestais, vocacionada para acções de vigilância, detecção, primeira intervenção e rescaldo.


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