Ana Margarida Ferreira, em declarações à Lusa, assinalou que os trabalhos decorrem de acordo com o previsto, sendo "esta fase de campanha arqueológica", pelo que "não há nem era suposto haver obra" na zona onde os arqueólogos estão a trabalhar.

"A arqueologia não está a impedir a prossecução da obra", esclareceu a directora do Museu, que sublinha haver articulação entre os trabalhos de construção civil e os de escavação arqueológica.

Ana Margarida Ferreira precisou que "foram feitas as demolições dos pisos superiores e só depois é que teve início o trabalho dos arqueólogos no local".

"A campanha arqueológica decorre desde Agosto e vai prosseguir", sem que tal atrase ou condicione a recuperação e ampliação do Museu, assegurou ainda.

A directora reconheceu, no entanto, que "vai haver ajustes de projecto" para preservar as estruturas arqueológicas encontradas, esclarecendo que isso "é consensual".

Durante as obras que decorrem no Museu de Aveiro foram descobertas construções antigas e "milhares de peças", sobretudo faiança do século XVII e posterior.

O responsável da equipa de arqueólogos da "Mythica", empresa que faz o acompanhamento da empreitada, disse à Lusa que as obras estiveram paradas três semanas no exterior, onde decorre a construção de um novo bloco, para permitir a escavação arqueológica de uma área de 200 metros quadrados, que veio a revelar dezenas de estruturas (paredes ou muros e condutas) que deverão corresponder ao prolongamento do antigo Convento de Jesus.

Segundo Miguel Marques, numa das alas do interior do Museu, as obras de reabilitação estão paradas, durante um mês, para permitir a escavação de 150 metros quadrados, onde apareceu já grande quantidade de faiança do século XVII e posterior, como taças, tigelas, formas e mesmo fragmentos de vidro, além de conchas de bivalves.

Foi também encontrada uma concentração de inúmeros alfinetes em bronze, na transição entre o edifício existente e o exterior, algumas moedas em bronze e uma pequena escultura, provavelmente em osso.