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27-04-2007

O terreno conseguiu sobreviver às consequências do incêndio de 2005


Quercus comprou terreno para preservar bosque no Caramulo

A Associação ambientalista Quercus adquiriu cerca de sete hectares numa zona de bosque, na Serra do Caramulo, para garantir a sua preservação, disse ontem à Lusa fonte daquela organização.

Leonel Rocha, presidente do núcleo de Aveiro da Quercus, disse à Lusa que se trata de uma área no Cabeço Santo, concelho de Águeda, na Serra do Caramulo, onde a Quercus vai realizar, já em Maio, acções de promoção das plantas nativas e controlo de invasoras, para garantir a preservação da biodiversidade.

O terreno adquirido no Cabeço Santo insere-se num dos núcleos de maior dimensão de bosque, que conseguiu sobreviver às consequências do incêndio de 2005 e a décadas de ocupação intensiva e extensiva do espaço de montanha.

Além da aquisição do terreno, a Quercus tem vindo ainda a sensibilizar proprietários vizinhos no sentido da preservação da biodiversidade.

"Temos vindo a fazer um trabalho conjunto com a companhia de celulose Celbi, que possui terrenos na zona, no sentido de criar uma zona tampão de protecção ao bosque, livre de eucaliptos", disse à Lusa Leonel Rocha.

No terreno que adquiriu, a Quercus vai organizar campos de trabalho voluntário, estando prevista a realização do primeiro nos dias 12 e 13 de Maio, onde vão ser realizadas acções de controlo de plantas invasoras.

O Cabeço Santo é uma montanha que se estende entre o Rio Agadão e o Ribeiro de Belazaima, sendo uma das elevações mais importantes da Serra do Caramulo (450 metros de altitude), de onde é possível avistar-se o mar, a cerca de 40 quilómetros.

Os bosques originais da região eram atlânticos, onde coexistiam espécies de região temperada com pluviosidade estival e da região mediterrânica.

No século XX grandes plantações de eucaliptos alteraram completamente a paisagem e "apenas escaparam, para além de solos agrícolas, pequenas áreas de solo muito marginal".

O Cabeço Santo é uma das áreas de bosque sobreviventes, com dezenas de hectares distribuídos por vários núcleos, que apresentam "uma biodiversidade notável".

A vegetação arbórea é dominada pelo medronheiro, encontrando- se também murta, salgueiro e, embora escassamente, carvalho e sobreiro.

Urzes, tojos, carqueja, rosmaninho e tomilho são comuns naqueles bosques, tal como trepadeiras como a madressilva, mas é entre as plantas herbáceas que a diversidade é maior.

Interessantes espécies de habitats rupícolas, como o arroz-dos telhados, orelha-de-monge e cravos-rosados, campaínhas-amarelas, uma planta característica dos charcos protegida pela Directiva Habitats, podem ali ser encontradas.

Segundo a Quercus, as principais ameaças são a mobilização do solo para cultivo de árvores nas propriedades de privados, a flora invasora, nomeadamente acácias e mimosas, e o fogo.


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