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03-05-2007

Portugal tem muitos problemas


Editorial - Desertificação e falta de estratégia

Portugal tem muitos problemas. O Governo trata de alguns e inventa outros, enquanto as oposições normalmente contrariam aquilo em que muitas vezes já foram a favor.

Mas Portugal permanece, para além de tudo, com problemas em que devemos meditar e falar. São assuntos, que, mais dia menos dia, se vão abater sobre todos nós, sendo, de alguma forma, estratégicos para a nossa afirmação como povo e nação.

Em 31 de Dezembro de 2005, e segundo o INE, a população residente em Portugal foi estimada em 10 569 592 indivíduos, dos quais 5 115 742 homens e 5 453 850 mulheres. A baixa taxa de natalidade, o feliz aumento da esperança de vida dos portugueses, a entrada de imigrantes de leste e africanos ainda conseguiram incrementar a população residente em 40 337 indivíduos em 2005, relativamente a 2004 ou seja um crescimento de 0,38%.

Não temos ainda os valores mais recentes mas já devem abordar o recente fenómeno da saída de nacionais para a Europa como na década de 50 e 60, devendo ainda baixar mais este rácio pois Portugal já não é tão atraente para os trabalhadores de leste.

Mas este fenómeno entrosa-se com outro muito mais grave e decorrente deste. A desertificação e a concentração nas cidades.

Como se pode ver no mapa, o interior perde população a olhos vistos e nem as recentes manobras de atracção de algumas autarquias dão para inverter esta tendência. Com efeito, algumas câmaras municipais, oferecem subsídios, actividades extra-escolares e outros benefícios para quem queira viver no interior.

Combater este problema não pode ser apenas um problemas das autarquias. Deve ser uma preocupação de todos, uma política do Governo. Este fenómeno começa a atingir as aldeias da nossa região. É por isso necessário, criar atractividade às nossas pequenas terras do interior e algumas do litoral.

O futuro da Nação não se faz apenas com uma parte de Portugal, desenha-se com todo o território. Por isso percebo mal que não existam políticas governamentais de fixação de populações no interior. Pelo contrário, a retirada de serviços públicos, de escolas, de esquadras de polícia, de tribunais e conservatórias, de urgências hospitalares, tudo isso favorece a desertificação do interior e revela uma falta de estratégia dos governantes.

António Granjeia*
*Director do Jornal da Bairrada


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