A certificação será o caminho para a defesa da qualidade do leitão da Bairrada, mas o processo, que já falhou uma vez, "é complexo" e deve ser conduzido pelo Ministério da Agricultura. O presidente da Câmara de Anadia e a Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada afirmam-se dispostos a lutar pela iguaria, mas apelam, para isso, à pacificação da região, quer no que respeita aos municípios da Bairrada, quer no que se refere às confrarias protectoras do leitão. "É preciso controlo, certificação de qualidade para uma fileira que é importante na economia da região", afirmou Litério Marques, referindo-se ao Leitão da Bairrada, depois de ouvir o presidente da Confraria gastronómica do Leitão da Bairrada falar dos problemas e desafios com que a iguaria se debate. António Duque concorda com o processo de certificação, mas demonstrou algum cepticismo em relação ao mesmo, afirmando que, para o seu desenvolvimento, é preciso que a maior parte do leitão tenha origem na Bairrada. "Isso não acontece. O consumo de leitão é de tal forma exagerado que o leitão que vem de fora representa 96%", sublinhou. O presidente da Confraria diz que um processo da complexidade da certificação não pode ser liderado por uma associação, em que as pessoas participam "por carolice". Litério Marques defende que deve ser o Ministério da Agricultura, através das direcções regionais, a implementar a certificação, mas diz-se disposto a solicitar o processo ao Governo. "Tenho é que ter a solidariedade dos restantes autarcas. E deixo aqui um desafio aos meus colegas para que apoiem e adiram, porque todos sabemos que em qualquer dos concelhos se come bom leitão. Não adianta puxar o leitão para Anadia ou para Águeda ", disse. A pacificação da Bairrada nesta questão do leitão foi considerada imprescindível para o avanço da certificação, mas não só a nível de autarquias como de confrarias. António Duque acusa os membros das outras duas confrarias - a das Almas Santas da Areosa e do Leitão e a do Leitão da Mealhada - de terem interesses que não a exclusiva defesa da iguaria. "Estas confrarias começam a ficar partidarizadas. Há interesse político em chamar a si os louros destas confrarias. A confraria do Leitão da Bairrada é que não se vai meter nessas guerras políticas", frisou. O presidente disse não se importar que outros defendam o leitão, mas admitiu que a reactivação da Confraria, criada em 1995, foi motivada pela junção do Leitão à Confraria das Almas Santas da Areosa. "Tínhamos que tomar uma posição", diz. E não reconhece a do Leitão da Mealhada. "Não está activa, não tomaram posse, está tão activa quanto a nossa esteve durante 12 anos", afirma. Tânia Moita tania@jb.pt |