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13-02-2008

O Padre António Vieira nasceu em 6 Fevereiro de 1608


Editorial - Padre António Vieira

O Padre António Vieira nasceu em 6 Fevereiro de 1608.

As comemorações que agora se iniciam, mais do que homenagearem um grande português, de relembrarem um nosso antepassado justo e de convicções, deverão dar-nos as necessárias referências para nele nos inspirarmos.

Ao longo de 89 anos, o Padre António Vieira atravessou sete vezes o Atlântico, percorreu milhares de quilómetros no Brasil ao serviço da sua Fé, foi diplomata com missões difíceis na França ou Holanda e serviu na Cúria Romana durante seis anos. Um homem do mundo, talvez precursor duma era a que hoje chamamos global, Vieira foi missionário, evangelizador, escritor, pensador, diplomata e activista político.

António Vieira defendeu, entre outras causas, os judeus, a abolição da distinção entre cristãos-novos e cristãos-velhos, a abolição da escravatura e os direitos dos índios do nordeste brasileiro. Criticou também severamente os sacerdotes da sua época e a própria Inquisição, que chegou a condená-lo.

Relevo um trecho da intervenção do Sr. Presidente da Republica na Sessão Comemorativa do 4º Centenário do Nascimento do Padre António Vieira, na Academia das Ciências, na passada semana: "Em Vieira, não se sabe o que mais admirar: se o virtuosismo do pregador se a argúcia do diplomata ao serviço da independência nacional; se a grandeza e a majestade da sua escrita, que levou Fernando Pessoa a chamar-lhe «imperador da língua portuguesa», ou a tenacidade com que defendeu os direitos das populações ameríndias; se o realismo do conselheiro do rei, a quem se deve o restabelecimento dos contactos com a colónia judia na Holanda, ou o visionário que sonhou para Portugal um quinto império".

Na mesma sessão, o Professor Adriano Moreira marcou a importância de Vieira de forma clara e magnífica afirmando: "A meditação a que somos chamados nesta circunstância do centenário de Vieira e de viragem do milénio ensina, uma vez mais, que não são os impérios que duram, são as culturas que têm a vocação da eternidade."

António Granjeia*
Director do Jornal da Bairrada


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