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05-03-2008

Mas nem tudo foram rosas


Anadia - Dupla consuma viagem a Dakar

Os compromissos já assumidos com os patrocinadores e a realização pessoal de concretizar novo Lisboa-Dakar fizeram os bairradinos Renny Moniz e Raul Costa, do concelho de Anadia, meter rodas ao caminho. Não em Janeiro, mas em Fevereiro, de 12 a 23 e, desta vez, totalizando os 11 mil kms de ida e volta até ao Lago Rosa, mais mil do que os conseguidos da última vez (no ano passado).

Mas nem tudo foram rosas."Começámos por apanhar um temporal em Tarifa, onde há três dias não saiam barcos. Fomos para Algeziras, onde tivemos que apanhar o barco grande, onde vão camiões, etc.", recorda Renny Moniz. Alguns contratempos mais tarde (uma noite mal dormida, na companhia de sapatos deixados por quem cumpria a reza sagrada é apenas um deles...), lá chegariam a Agadir. "E aí, nova tempestade, com chuva intensa."

Na opinião deste gerente de um centro de cópias na Malaposta, cancelar a prova foi um erro, "já que se perde um rally como não há outro no mundo".

Renny Moniz adianta igualmente que em momento algum receou um ataque terrorista ou suspeitou de movimentos nesse sentido. "Nesse aspecto, não corremos qualquer perigo."

Mas houve outros episódios não menos arriscados. "Entre Marrocos e a Mauritânia, há quatro quilómetros de terra de ninguém, onde, de um lado da, vamos chamar-lhe estrada, vemos carros espatifados e, do outro, tipos com ar de pouca confiança. Foram os quatro quilómetros mais longos e críticos da minha vida. Podíamos ficar sem nada em poucos segundos pois, ali, não havia ninguém que nos valesse."

Por sorte, não houve naquele momento qualquer avaria mecânica no velhinho Mazda 76, mais conhecido por "Baldas 76". Mas, no meio do deserto da Mauritânia, "rebentou-nos um pneu", situação não menos aflitiva. "No meio do deserto, sozinhos... acho que nunca ninguém mudou um pneu tão depressa", conta Renny Moniz.

No dia seguinte, pneu e escape rebentados. "Fizemos mais de 300 kms com escape livre. Foi um risco."

No meio desta aventura de 11 dias, também houve tempo para descontrair e ir à praia, "em Dakla, onde encontrámos uma portuguesa de 70 anos, que estava ali a acampar".

Entre muitos subornos à polícia nas fronteiras e outras tantas ofertas de máquinas de calcular, t-shirts, bonés e esferográficas aos locais, fica novo álbum de fotografias, a juntar às dezenas do ano passado. Para já, não há nova viagem no horizonte. A não ser que, no próximo ano, consigam angariar mais patrocínios.

Oriana Pataco


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