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09-04-2008

Deixar as suas sequelas e trará a prazo a libertação do Tibete


Editorial - A Primavera de Praga e o Tibete

O dia 5 de Abril de 1968 não dirá muito à maioria dos portugueses, mas marca o início de uma reviravolta fatal nos países da antiga cortina de ferro. Nesse dia, foi publicado o programa de acção do PCCH. A Primavera de Praga, cujo epílogo se deu em 21 de Agosto desse ano, com a invasão de 200 mil soldados do exército soviético, iniciou a contestação interna do sistema comunista que ruiu completamente, com a queda do muro de Berlim em 9 de Novembro de 1989.

A primavera de Praga não foi um movimento de contestação ao comunismo como os da Hungria em 56 ou da Alemanha de Leste em 53. Foi um movimento de intelectuais comunistas que tentaram mudar o sistema por dentro. Falharam por dois motivos essenciais: porque o povo percebeu as mudanças aproveitando a oportunidade para pedir a liberdade total do jugo soviético e porque as reformas "deestalinizadoras" (do inglês "deestalinization") que programaram eram muito avançadas para o movimento comunista da altura.

Mas o movimento foi inspirador pela forma como resolveu resistir e acabou por ser o modelo para o sindicalismo polaco "solidariedade" dos anos 80 e própria revolução libertadora checa, que ficou para a história deste país como a revolução de veludo. De facto, na cidade de Praga, a população reagiu à invasão soviética de forma não violenta desnorteando as tropas russas, incapazes de lidar com este tipo de resistência e contestação. Ficaram célebres os 10 mandamentos da resistência e da greve geral que ocorreu durante a invasão: não sei, não conheço, não direi, não tenho, não sei fazer, não darei, não posso, não irei, não ensinarei, não farei!

A lição destes dias em Praga deverá ser sempre lembrada pelos dirigentes comunistas que ainda restam no mundo, mesmo que tenham parcerias capitalistas, para perceberem que nada impedirá a marcha dos povos para a sua libertação.

Esse é o exemplo que o mundo espera da valorosa resistência Tibetana ao domínio e ao genocídio cultural chinês. O que se está a passar nas capitais europeias com a chama olímpica terá, se o mundo for justo, deixar as suas sequelas e trará a prazo a libertação do Tibete.

António Granjeia*
*Director do Jornal da Bairrada

Fontes: Encyclopedia Britannica, Wikipedia, Pesquisas no Google e http://library.thinkquest.org/C001155/index1.htm


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