Jornal da Bairrada está de luto. Faleceu, na tarde da última sexta-feira, dia 18, o seu primeiro director, Dr. Manuel Granjeia, o único sobrevivente de uma plêiade de homens que, de mais idade, e juntando a ousadia e a sabedoria ao sonho e ao fogo de dois jovens, lançou este arauto dos anseios das populações e porta-voz de uma região que mostrava, na década de cinquenta, produtivo vigor e sustentado querer, em várias áreas, como os vinhos, a restauração e o ciclismo.

Embora muito jovem, saído da Faculdade de Direito de Coimbra e das lutas académicas, foi um dos que se bateu, sem hesitações, no sentido de dar ao jornal, que ia nascer para ser grande, uma grande abrangência, um chão maior. Isto é, definia, indiscutivelmente, o rumo mais acertado. O novo jornal não teria mais o restrito alcance e finalidade paroquial, antes surgia para servir uma vasta região, de resto como abrangente e definidor de uma postura é o título.

O seu nome apareceu no cabeçalho, ao longo de mais de meio século, caso raro na imprensa regional. Isso quer dizer uma coisa incontornável: sempre desejou manter de pé o quinzenário e, mais tarde, na hora de mais um passo, rumo a um futuro mais abrangente e dinâmico, fazer a necessária mudança para o semanário de grande dimensão que é hoje.

Homem de causas, valores e referências, defendeu-as e sobretudo praticou-as, a vida inteira, até que a lucidez lho permitiu claramente, pois viria a sofrer também na terra e nos últimos anos, o seu purgatório.

Mas como os homens não duram sempre e as forças se vão devastando, Dr. Manuel Granjeia, depois de se retirar dessa função, há cerca de três anos, eis que parte, cumprida que foi a sua viagem na terra, medida cheia, naturalmente acrescida da luz da misericórdia divina.