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13-08-2008

Atleta do Galitos nada às 13h02 hoje em Pequim


Aveiro - Diogo Carvalho, a nossa esperança olímpica

É com orgulho mas sem pretensiosismo que Manuel Carvalho fala do filho mais novo. Miúdo calmo, trabalhador, metódico - como "aliás tem de ser" -, assim descreve o jovem de 20 anos que esta quarta-feira, às 13h02, tenta fazer história nos Jogos Olímpicos de Pequim, nos 200 metros estilos, em natação.

Vítor Carvalho recebe-nos na Padaria Pastelaria Sobreiro 91, em Bustos, de que é proprietário, bem como da Padaria Pastelaria Boca Doce, em Oliveira do Bairro. Apesar de viver e ser natural de Ílhavo, o jovem a quem já chamam o novo "torpedo" da natação portuguesa não nega as origens. É visitante assíduo do Areeiro, Palhaça, onde o avô Manuel vive e tem uma mercearia. Mas é na piscina do Clube dos Galitos, em Aveiro, que Diogo Carvalho passa grande parte do tempo.

Tinha apenas três anos quando começou a dar as primeiras braçadas e não mais parou. Estar na água é para Diogo Carvalho tão natural "como respirar ar", confessava em entrevista a O Aveiro, em Abril do ano passado, dias depois de, em Cádis, obter duas medalhas de ouro e quebrar o recorde nacional absoluto sénior na prova de 200 metros estilos, que o catapultaria para os Jogos Olímpicos de Pequim. Recordes sucessivos em piscinas de vários países fazem parte de um vasto currículo de quem olha para cada décimo de segundo "como uma conquista."

Há 12 anos, o treinador Zé Pedro, já falecido, vaticinava-lhe um futuro auspicioso. "Disse-me que o Diogo viria a ser um dos melhores do mundo, mas não dei muita importância", confessa Vítor Carvalho. Ainda assim, não mais esqueceria aquela frase, a que o futuro se encarregaria de dar razão.

E, como se os resultados desportivos não bastassem para o consagrar, o currículo académico não lhe fica atrás. Depois de terminar o liceu com média de 15,5 valores, frequenta o 2º ano do curso de Medicina, na Universidade de Coimbra, com estatuto de alta competição. O grau de exigência da preparação para Pequim levou-o, no entanto, a suspender a faculdade este ano, com o total apoio da família.

Primeiro aveirense em 56 anos. Diogo começa, normalmente, a treinar às 6h30. Às 11h segue para o ginásio até à hora de almoço e regressa à piscina no final do dia. Considera-se uma pessoa "normal", que gosta de estar com os amigos e de apreciar um filme ou uma música de vez em quando.

Normal qb, com uma costela "supersónica", que o distingue dos comuns mortais. É o primeiro aveirense a carimbar o passaporte para as olimpíadas em 56 anos, depois da equipa de remadores do Galitos, em 1952, marcar presença nos Olímpicos de Helsínquia.

Dos Galitos, clube cujo emblema representa desde os quatro anos, fala com carinho: "O Clube tem sido óptimo para mim. Não era por estar num clube grande em Lisboa ou no Porto que iria ser melhor. Antes pelo contrário, porque aqui tenho talvez uma exclusividade e, sem dúvida, mais proximidade com as pessoas. O meu Clube apoia-me a 100 por cento."

A meta é sempre a mesma: "dar o melhor de si", mas sem pressões. "Sinto uma enorme alegria de representar Aveiro mas não sinto nenhuma pressão", confessava a O Aveiro.

Dizia na altura que participar na meia-final já seria uma grande vitória. Resta-nos torcer para que cumpra esse objectivo.

Oriana Pataco

com O Aveiro

Família na rectaguarda

Quando forem 13h02 deste 13 de Agosto (20h02 em Pequim), Vítor Carvalho estará a milhares de quilómetros do caçula, a torcer em frente ao ecrã na casa em Ílhavo, com a esposa e os sogros. Uma medalha "seria um milagre". Mas a meia-final não é de todo impossível de almejar. Antes do dia D, terá dito a Diogo para "ter coragem e enfrentar a prova com naturalidade". Como habitualmente, já que o filho "não se amedronta na presença de tubarões".

O avô espera que Diogo "lute até ao fim". Ir à meia-final já seria um feito e um orgulho para a família. E ele merece, porque "é um rapaz às direitas".

É assim desde o início. Onde o Diogo treinasse ou competisse aí estava a família. Vítor e Manuela Carvalho, de quem herdou o "bichinho" da Medicina (é médica no Centro de Saúde de Ílhavo) estiveram sempre na rectaguarda. Se assim não fosse "não teria chegado onde chegou", admite o pai da jovem promessa.

Galitos orgulhoso do seu atleta

Diogo Carvalho está ligado ao Galitos desde os quatro anos. António Granjeia, actual presidente do Clube e homem da natação, acompanhou "os 16 anos de evolução do Diogo" e vê esta participação como "um triunfo do trabalho árduo, dedicação e vontade indomável de um jovem com aptidões excepcionais para a natação".

O também director do JB salienta "o seu sentido de responsabilidade e humildade, que devem ser referência para os jovens portugueses" e dirige uma palavra especial à família de Diogo Carvalho, "principalmente aos pais, cuja presença constante foi determinante no seu sucesso".


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