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12-11-2009

Produção 2009 é excepcional


Anadia - Tradição mantém-se no Lagar de Algeriz

Com a chegada do mês de Novembro, é tempo de apanhar as azeitonas que carregam as oliveiras. A transformação do fruto leva pessoas de várias terras da região até ao Lagar de Algeriz, na freguesia de Vila Nova de Monsarros. Único em funcionamento na zona, vive dias de azáfama com a produção de excelência que se está a verificar este ano.

Os antigos diziam que era de varas, onde a azeitona se esmagava com a ajuda da força humana ou dos animais, mas, com o passar dos anos, foi-se modernizando. O Lagar de Algeriz recebe azeitona de "qualquer lado", refere José Silva, responsável pelo lagar onde trabalha há 40 anos. No livro por que se orienta ficam registadas as marcações. Os produtores "trazem a azeitona e depois levam o azeite", assim acontece todos os dias. "20 quilos demoram cerca de uma hora" a serem transformados, contabiliza.

Assim fez o grupo de colegas de Macinhata do Vouga (Águeda) que escolheram o Lagar de Algeriz para produzir o seu azeite. Cada um apanhou a sua azeitona. No total conseguiram 1200 quilos. Antigamente, recorriam ao Lagar do Beco, único na zona de Águeda, mas agora encontra-se ao abandono. "É antigo e ninguém o repara. É uma pena", conta Emídio Silva. Sempre que as suas oliveiras dão fruto, transforma-o em azeite. Falando especificamente da produção de 2009, classifica-a como sendo "um excesso". Aos 57 anos de idade, "nunca me lembro de ter visto nada assim". A qualidade é igualmente "boa".

Excepcional. Da mesma, opinião é o seu colega José Lourenço. Este "é um ano excepcional em termos de produção". Recordando colheitas anteriores, refere que, nos últimos dois anos, "não houve azeitona". O clima é o factor que mais influência tem na produção deste fruto. Há 40 anos que se dedica à apanha da azeitona nas várias oliveiras do seu terreno e, "quando não as tenho, peço a quem tenha". Gosta "bastante" deste trabalho que considera de risco. "Andamos em cima das árvores a cortar os ramos, é perigoso". No entanto, a gratificação de saber que "estou a consumir um produto caseiro" faz com que esses riscos valham a pena ser vividos.

Estreante, no Lagar de Algeriz, é Fernando Silva, outro colega do grupo de Macinhata do Vouga. São em número reduzido as oliveiras que tem à beira do terreno onde cultiva outros produtos agrícolas. No entanto, gosta de as apanhar para ter o seu próprio azeite.

Os vários litros de azeite, resultantes do esmagamento dos quilos de azeitonas que transportaram para o lagar, serão degustados em casa. A produção dos três colegas do grupo é "para consumo próprio".

Voltando a falar do histórico lagar, José Silva orgulha-se de explicar que este é o único da zona que trabalha com duas centrífugas. A passagem na primeira máquina "tira o grosso do azeite", enquanto a segunda serve para uma "melhor limpeza e apuramento" do tempero considerado por muitos um clássico da culinária contemporânea.

A maior diferença que aponta ao recordar os tempos de "antigamente" é a melhoria das condições de higiene. Desde que abriu, o Lagar de Algeriz recebe azeitonas de várias localidades como por exemplo Aveiro e Mortágua, para além do produto da terra.

Os lagares são edifícios que, com o passar dos anos, ao não acompanharem a modernização, são deixados aos abandono. Nas redondezas José Silva inúmera apenas mais dois em funcionamento, um em Santa Luzia (Coimbra) outro na Pena (Cantanhede). As portas em Algeriz vão manter-se abertas "até que haja azeitona".

Rita de Freitas Gomes


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