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18-06-2015

25 anos de uma instituição que se faz de vidas… refeitas



“Foi o melhor período da minha adolescência. Fizeram-me sentir que era gente. Que era importante. Que tudo ia correr bem. Foi quando tive alguém que me desse carinho, que me chamasse à atenção e se importasse comigo. Foi isso que me deu força e me fez ganhar coragem para continuar em frente. E ter um futuro”. As palavras escorrem do coração de Rosa, ao mesmo tempo que as lágrimas se formam nos seus olhos. É a primeira vez que se emociona. Já falou do “pior momento” da sua vida, quando, aos 9 anos, lhe roubaram a infância. Obrigaram-na a trabalhar. Impediram-na de ver os pais. E ainda lhe deixaram “chagas e cicatrizes” que a acompanharam desde então. Porém, são as marcas dos cerca de dois anos que passou no, então, Centro de Acolhimento e Emergência Infantil de Aveiro, que a levam às lágrimas. Rosa “não era assim”, garante. “São as hormonas”, justifica, enquanto espreita pela enésima vez o sono do “anjo em forma de filho”, que tem ao seu lado, e “para a vida”, desde há três meses.
A história dos 25 anos da instituição – que entretanto deixou cair o termo “Emergência” do seu nome – faz-se de vidas refeitas. De vitórias de gente que entrou na vida a perder. E que deu a volta. A maioria terá dado a volta, acreditemos. Rosa deu a volta. Hoje, aos 37 anos, é uma mulher de sorriso fácil. Que se emociona, sim, mas que mesmo isso deve, em parte, aos cerca de dois anos que passou junto a quem a ajudou a sentir-se gente. Já lá vão quase 25 anos.
Voltemos essas duas décadas e meia e mais uns meses atrás. No dia 7 de Maio de 1990 o Centro de Acolhimento Infantil (CAT) de Aveiro recebia a primeira criança da sua história. Desde então, tornou-se o vaso onde as raízes de inúmeras crianças desprotegidas, abandonadas ou negligenciadas se voltaram a ligar à vida. Onde foram beber os valores que as fortaleceram, recebendo uma luz que começou por as guiar para um novo caminho. É isso que se festeja aqui. Esses 25 anos que, amanhã, têm o ponto alto das comemorações. Desengane-se, não cantar dar os parabéns a ninguém. Passamos directamente para os agradecimentos. Em forma das tais vidas recuperadas. Como é dia de festa, vamos abrir os presentes de três vidas com um passado que ganhou um futuro incondicional, no CAT. Onde se aprende que “tudo vai correr bem”.


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